História 8º ano



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Acesso em: 7 maio 2015.
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Página 243

• Sobre a participação de escravos e ex-escravos na Guerra do Paraguai, leia o texto a seguir.

A participação de libertos na Guerra do Paraguai é um dos assuntos mais falados e mais deturpados de nossa história. Depois de um longo período em que foi simplesmente ignorada, a partir dos anos 70 do século XX, sua presença na guerra passou a ganhar grande destaque. Nessa época, consolidou-se uma imagem do exército imperial como composto majoritariamente por negros escravos, libertados para fazer a guerra de seus senhores. Estes, diante da convocação militar, teriam optado por enviar seus cativos para a guerra. [...]

As consequências sociais desse fato ainda não foram de todo analisadas pelos historiadores, principalmente quando consideramos que o recrutamento, além daqueles escravos que foram libertos especificamente para a guerra, incidiu fortemente sobre os habitantes mais pobres, em sua maior parte negros e mestiços, muitos dos quais também libertos, que mantinham relações sociais diversas com a população cativa. A guerra equiparou todos — ex-escravos fugitivos, substitutos pagos, recrutas do Exército e da Guarda Nacional, brancos, negros e mestiços pobres, jovens patriotas de classe média e de famílias abastadas — como Voluntários da Pátria. [...]

SALLES, Ricardo. Negros Guerreiros. Nossa História. São Paulo: Vera Cruz, ano 1, n. 13, nov. 2004. p. 28-32.

Páginas 246 e 247

• Uma das causas atribuídas à eclosão da Guerra de Secessão nos Estados Unidos foi a permanência de ideais antiabolicionistas entre os sulistas proprietários de terras. Eles defendiam a continuidade da escravidão com bases no direito de propriedade. O norte dos Estados Unidos, por sua vez, em ritmo crescente de industrialização, adotou uma postura abolicionista, baseada no direito de liberdade e igualdade inalienáveis a todos os homens. No entanto, seus interesses também eram econômicos. Leia o texto.

[...] Intrigava aos nortistas que os sulistas brancos estivessem tão determinados a proteger o estilo de vida aristocrático de fazendeiros abastados. Na verdade, muitos no Sul eram contra a secessão e a guerra; o que os irritava eram “ianques arrogantes” interessados em alterar o estilo de vida dos sulistas. Eles atribuíam os problemas financeiros de sua região a tarifas federais impostas para proteger as indústrias nortistas. Afirmavam que os industriais do Norte mantinham seus próprios operários em escravidão econômica. E no fundo de suas memórias pairavam os grandes latifúndios da Inglaterra dirigidos pela nobreza, sistema feudal que havia produzido um império.

Muito embora a escravidão tivesse sido abolida no Norte e a abolição viesse se tornando uma causa popular, o governo dos Estados Unidos sabia que devia avançar com calma. O Sul estivera à frente da Revolução Americana e havia ajudado a estruturar a nova nação: só a Virgínia proporcionara sete dos 12 primeiros presidentes dos Estados Unidos. [...] O contínuo poder do Sul no Congresso foi refletido pela Lei dos Escravos Fugidos,


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de 1850, segundo a qual escravos em fuga podiam ser capturados em estados livres e devolvidos a seus proprietários sem julgamento. E qualquer cidadão dos Estados Unidos que os auxiliasse poderia levar uma multa vultosa e ser preso. Essa lei foi parte do Acordo de 1850, por cujos termos a Califórnia foi admitida como estado livre, o tráfico foi abolido no Distrito de Colúmbia e a decisão sobre a escravatura foi protelada nos territórios de Utah e do Novo México.

O acordo mostrou-se frágil, uma vez que a Lei Kansas-Nebraska de 1854 permitiu a esses dois territórios e a quaisquer outros no futuro decidir por conta própria se desejavam a escravidão. Isso motivou os colonos do Norte e do Sul a acorrer aos territórios para assumir o controle, o que levou ao estabelecimento do Partido Republicano para unificar os grupos opostos à escravidão.

[...]


Compensando o surgimento de um poderoso Partido Republicano havia o velho Partido Democrata, cujas origens podiam ser identificadas no Partido Republicano Democrático de Thomas Jefferson em 1792. Os democratas se haviam fortalecido defendendo os direitos dos estados e isso incluía opor-se ao envolvimento do governo federal na questão da escravidão. [...]

[O republicano] Lincoln ganhou a eleição de 6 de novembro de 1860 [...].

Como Lincoln seguia uma plataforma que prometia restringir a escravidão, o Sul, aturdido, fez preparativos para deixar a União. [...]

Os nortistas interpretaram mal as turbulências vindouras. “Sempre que alguma região considerável de nossa União resolver deliberadamente se desligar”, escreveu o New York Times em 9 de novembro de 1860, “evitaremos toda medida coerciva para mantê-la.”

Ações militares para mantê-las teriam início em cinco meses e custariam mais vidas americanas do que qualquer outra guerra na história da nação.

WRIGHT, John D. História da Guerra Civil Americana. Trad. Roger Maioli dos Santos. São Paulo: M. Books, 2008. p. 10; 14-5; 21-3.



Figura 85

Obra representando a Primeira Batalha de Bull Run, na Virgínia, em 1861, durante a Guerra de Secessão. Xilogravura colorida à mão, artista desconhecido, século XIX.

Séc. XIX. Xilografia. Coleção particular. Foto: Album/akg/North Wind Picture Archives/Latinstock
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Sugestão de atividade Pesquisa

Objetivos

• Compreender o contexto estadunidense pós-Guerra de Secessão e a atuação da Ku Klux Klan.

• Desenvolver o senso crítico quanto à existência de organizações e movimentos racistas no mundo atual.

Apresente aos alunos o texto a seguir, que trata do nascimento da Ku Klux Klan nos Estados Unidos do século XIX. Em seguida, peça que, em grupos, realizem uma pesquisa sobre a atuação da Ku Klux Klan nos anos posteriores à Guerra de Secessão. Peça também que pesquisem sobre a existência de movimentos de cunho racista no mundo e no Brasil atual. Aproveite o momento para despertar o senso crítico dos alunos, chamando a atenção para o respeito às diferenças.



A seita da supremacia branca

A expressão Ku Klux Klan deriva do grego kuklos (círculo ou bando), e do escocês klan (clã, com o sentido de ancestralidade). Ku Klux Klan, ou simplesmente KKK, é o nome de uma organização racista que criou raízes nos Estados Unidos, expandiu-se para a Europa e, ainda hoje, sobrevive, alimentada pelo crescimento de grupos de extrema direita.



Figura 86

Até os dias de hoje existem nos Estados Unidos manifestações e movimentos que se organizam para lutar pelos direitos da população afrodescendente e exigir o fim de atitudes racistas. Na fotografia acima, por exemplo, mulheres participam de um protesto desencadeado pela morte de um negro por policiais, em Baltimore, 2015.

Nicholas Kamm/AFP Photo/Getty Images

O caso da KKK é um bom exemplo de que racistas fanáticos não são personagens exclusivos de Estados totalitários e nem de um passado longínquo. A violência sem limites em que desemboca o racismo é uma manifestação de indivíduos que ignoram o diálogo, a ética e a dignidade humana e pode surgir, como uma doença maligna, mesmo em sociedades consideradas democráticas.

O aparecimento e a sobrevivência da KKK desmistifica a crença de que o povo [estadunidense], por tradição, constitui uma sociedade perfeita, pluralista, exemplo de nação multilateral e multiétnica. Expressa o arraigamento de um pensamento racista cuja prática, ainda hoje, arranha a imagem dos Estados Unidos.

[...] A população negra dos estados sulinos foi escravizada até a Guerra Civil e, posteriormente, submetida a uma segregação que em vários pontos perdura até hoje. Métodos violentos foram acionados, ao longo da história do país, para dizi-


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mar populações indígenas, segregar minorias e investir contra imigrantes.

No caso da Ku Klux Klan, o racismo veste manto branco e surge mascarado; assim como a Inquisição ibérica (dos séculos XV-XIX), assume a cruz cristã e as chamas para purificar seus crimes, avaliados por eles como “virtudes” da raça branca.

[...] A KKK bradou em nome da supremacia branca que se fez armada contra os negros. Proclamava-se protetora “dos fracos inocentes e indefesos contra as indignidades, injustiças e ultrajes dos sem-lei — violentos e brutais”. Como uma instituição de “cavalheirismo, humanidade, misericórdia e patriotismo”, tinha como objetivo “acudir os injuriados e oprimidos, socorrer os sofredores e infelizes e, sobretudo, as viúvas e órfãos de soldados confederados”.

CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. Ku Klux Klan: A seita da supremacia branca. In: PINSKY, Carla Bassanezi; PINSKY, Jaime (Orgs.). Faces do fanatismo. São Paulo: Contexto, 2004. p. 79; 97.

Explorando o tema páginas 248 e 249

• Explore a imagem da página 248 com os alunos, seguindo as informações a seguir.



Figura 87

As palmeiras aparecem na imagem, mas ganham pouco destaque, pois, segundo o próprio Debret, José Bonifácio o pediu que afastasse “toda ideia de estado selvagem” da composição.

Na inscrição lê-se “Império do Brasil”.

Um paulista e um oficial da Marinha também aparecem demonstrando sua fidelidade ao império.

As cores verde e amarela da roupa da mulher que simboliza o Império denotam o caráter de exaltação nacional.

A barca está carregada de café e cana-de-açúcar, importantes riquezas agrícolas do país.

A mulher negra segura um instrumento de trabalho e está ao lado dos filhos e do marido, que, uniformizado, prepara-se para juntar-se ao regimento.

As frutas típicas brasileiras, outro símbolo da nação, constam na representação de Debret.

Segundo Debret, o antigo pano de boca que existia no teatro mostrava o rei de Portugal cercado por seus súditos. Ele foi, então, trocado para mostrar a “devoção geral da população brasileira ao governo imperial”.

Jean-Baptiste Debret. 1822. Aquarela. 21 x 35 cm. Museus Castro Maya, Rio de Janeiro (RJ)



Resposta

• Resposta pessoal. Espera-se que os alunos exponham sua opinião e se atentem às opiniões dos colegas, comentando-as.


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capítulo 11 O fim da Monarquia e a proclamação da República

Objetivos

• Entender os principais fatores que provocaram a crise do Império do Brasil.

• Estudar os contextos brasileiro e europeu que possibilitaram a imigração em larga escala de europeus para o Brasil.

• Conhecer aspectos do cotidiano dos imigrantes europeus no Brasil.

• Perceber que, na segunda metade do século XIX, a economia brasileira começou a se diversificar, iniciando o processo de modernização do país.

• Analisar o processo de abolição da escravidão no Brasil.

• Compreender o contexto de proclamação da República no Brasil.

A Proclamação da República*

[...] os grupos civis republicanos, sem a força e coesão necessárias para mudar o regime, procuram articular-se com os militares. Nessa articulação, destacam-se, entre outros, o já então tenente-coronel Benjamim Constant, Quintino Bocaiúva e Aristides Lobo, e dela resultaria um encontro com Deodoro da Fonseca no dia 11 de novembro. O futuro marechal sempre fora fiel ao imperador — mas também carregava mágoas em relação aos políticos do Império — e, embora esquivo a princípio, acabou por declarar que nada mais se poderia esperar da Monarquia.

Desse modo, ante os boatos de que ele e Benjamim Constant seriam presos, dirigiu-se no dia 15 à Praça da Aclamação, atual Praça da República, para depor o ministério Ouro Preto. De tal ação surgiria a proclamação da República, que, conforme nota a historiadora Wilma Peres Costa, “marca a emergência das forças armadas como ator político na história brasileira”. Embora tenha tomado a forma de um golpe de Estado, na verdade, resultou de um longo processo iniciado na década de 1850 e acelerado a partir dos anos 1870, traduzindo um descontentamento generalizado. [...]

No entanto, os primeiros dez anos republicanos foram de grande instabilidade política, pois as forças momentaneamente unidas em torno do mesmo ideal tinham interesses e projetos diferentes de República, geradores de conflitos como a Revolução Federalista, por exemplo, ou a Revolta da Armada.

QUEIROZ, Suely Reis de. 15 de novembro de 1889: Proclamação da República. In: BITTENCOURT, Circe (Org.). Dicionário de datas da história do Brasil. São Paulo: Contexto, 2007. p. 265-6.

*Título dado pelos autores.



Abertura do capítulo páginas 254 e 255

Figura 88

• As imagens de abertura fazem referência ao contexto brasileiro do final do século XIX, quando se instaurou o regime republicano no país. Analise a representação da página 254 com os alunos e comente que nela D. Pedro II, segurando a coroa imperial em suas mãos, está entregando a bandeira do Brasil a uma figura feminina. Essa mulher representa a República, proclamada em 1889. Destaque


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aos alunos a data de produção dessa obra (1890) e comente que, por ser contemporânea aos acontecimentos, ela constitui importante fonte histórica sobre o período do fim da monarquia. Na imagem da página 255, verifica-se um dos fatores que fazem parte da transição entre o Império e a República, que foi a chegada de imigrantes. Observe e identifique com os alunos o tipo de fonte histórica que foi representada nessa página.



Respostas

a) A capa da revista apresenta um mapa mostrando a América do Sul, parte da África e da Europa. As rotas de imigrações também estão representadas e indicam um grande movimento em direção ao estado de São Paulo. Na parte inferior há uma vista da cidade de Santos.

b) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos compartilhem seus conhecimentos sobre o tema com os colegas.

Explorando a imagem página 256

a) Os anúncios se referem a um colégio para meninas, um estabelecimento que servia café, um serviço de dentista e a venda de tecidos franceses.

b) Os anúncios indicam que, no final do século XIX, a sociedade brasileira estava se modernizando, por causa dos novos produtos e serviços que estavam entrando em evidência no mercado com a crescente urbanização e industrialização.

Figura 89

Nesse caso, a imagem central do anúncio é o prédio da escola.

O anúncio pretende evidenciar a origem estrangeira do dentista, buscando, dessa forma, aumentar sua credibilidade.

Esse anúncio pauta-se em um costume dos brasileiros e busca a identificação com o leitor ao anunciar o café com leite.

Observe que o anúncio dá um destaque ao fato de os tecidos terem sido trazidos diretamente de Paris.

Em: Jornal do Commércio. 01/1852. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro (RJ)

Em: Jornal do Commércio. 11/1854. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro (RJ)

Em: Jornal do Commércio. 09/1853. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro (RJ)

Em: Jornal do Commércio. 08/1851. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro (RJ)
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Página 260

• Comente com os alunos que, além do sistema de colonato, foi experimentado o sistema de parcerias para regulamentar o trabalho dos imigrantes europeus. Esse sistema foi inaugurado pelo senador e cafeicultor Nicolau Vergueiro, que em 1845 financiou a vinda de aproximadamente 65 famílias alemãs para trabalhar em sua fazenda, em Limeira, interior de São Paulo. Nesse sistema, os imigrantes se comprometiam a não deixar a fazenda até que pagassem os gastos da viagem. No entanto, a dívida deles apenas aumentava, uma vez que eles tinham que alugar todos os instrumentos de trabalho do próprio fazendeiro, bem como comprar seus mantimentos na venda da fazenda. Os imigrantes ficaram muito insatisfeitos com esse sistema, que foi substituído pelo colonato.

• Se julgar necessário, comente com os alunos que, desde o início do século XIX, alguns intelectuais brasileiros, como José Bonifácio e Hipólito da Costa, procuraram incentivar a vinda de imigrantes europeus para o Brasil. Por essa razão, já naquela época, várias colônias de imigrantes europeus foram instaladas no Sul do país, como a colônia alemã de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Embora a iniciativa estivesse ligada à ideia de branqueamento da população, a imigração foi continuada com a vinda de japoneses, sírios e libaneses para o país no início do século XX. Os novos grupos contribuíram, entre outras coisas, para a implantação e o desenvolvimento do capitalismo comercial no Brasil. Leia o texto.

A assimilação foi a estratégia privilegiada, o critério, para a admissão de estrangeiros pelas autoridades governamentais e pela cultura brasileira na construção da nacionalidade no Brasil. Nesse sentido é que algumas etnias e nacionalidades foram privilegiadas em detrimento de outras. A cultura e, nela, a religião, foram ingredientes importantes na aceitação maior ou menor de estrangeiros.

Os alemães, os brancos, mas protestantes, foram os primeiros a vir para o Brasil [...]. O sul do Brasil também recebeu italianos, russos e poloneses na década de 1850. Vivendo em colônias, os alemães tinham pouco contato com a sociedade brasileira e puderam construir uma identidade própria — a germanidade. Formularam uma identidade étnica baseada em uma cultura que vinculava língua e espírito nacional.

[...]


De imigração mais recente, os japoneses vieram para o Brasil a partir de 1908, e representavam, na década de 1940, uma população em torno de 190 mil, tendo 75% entrado no Brasil entre 1925 e 1935. [...].

Os sírio-libaneses de religião católica tiveram a experiência mais próxima à dos imigrantes italianos e espanhóis no Brasil. Vindos de países ou regiões distintas como Líbano, Síria, Turquia, Iraque, Egito e Palestina, os árabes que para o Brasil se dirigiam tinham, em sua maioria, vivido problemas de perseguição religiosa.

[...] O imigrante que aqui chegou como mão de obra assalariada participou do processo que permitiu convencer as pessoas de que deveriam vender sua força de trabalho, domesticar o tempo ao ritmo da indústria. [...]

[Além disso], o imigrante produziu certa superação de barreiras contra a atividade comercial. [...] [Essa] prática do imigrante — muito trabalho e ambição de ascensão social rápida — sempre forneceu aos nacionais, base para discriminá-los. Para inúme


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ros imigrantes oriundos dos povos comerciantes do Mediterrâneo [...] “mascatear” foi a atividade primeira ao chegar à nova terra. Ao vencer o preconceito contra o trabalho e o comércio, contribuíram para a implantação e desenvolvimento do capitalismo comercial no Brasil.

OLIVEIRA, Lucia Lippi. O Brasil dos Imigrantes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. p. 54-6; 59-60.

Página 264

• Ao abordar o tema da ampliação da malha ferroviária brasileira, ocorrida no século XIX, é possível estabelecer uma reflexão com os alunos sobre a infraestrutura atual de escoamento da produção agrícola em nosso país. Leia o texto a seguir, que trabalha essa questão e discuta sobre o tema em sala de aula com os alunos, de acordo com as sugestões que seguem.

É reconhecido que o agronegócio brasileiro é uma das mais importantes fontes geradoras de riquezas para o país, sendo responsável por cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB), por 35% da mão de obra empregada e por 40% das exportações nacionais.

Dentro desse conjunto, destaca-se a cultura da soja, cuja produção consolidou-se na região Centro-Oeste do país, tendo apresentado, nos últimos anos, uma significativa expansão da área ocupada, com ganhos evidentes de rendimentos.

Como resultado das elevadas inversões públicas na infraestrutura de transportes rodoviários, o Centro-Oeste foi contemplado com importantes rodovias federais. É o caso das rodovias BR 163 e BR 364, que hoje se constituem em rotas de escoamento da produção de soja com destino aos portos de exportação das regiões Sul e Sudeste.

Contudo, a peculiaridade da economia brasileira a partir do início da década de 80, com a deterioração das contas públicas, culminou em um efetivo abandono de políticas setoriais para a área de infraestrutura de transportes. O escoamento da soja do Centro-Oeste, por concentrar-se no modal rodoviário e este estar em estado precário de conservação, teve significativas perdas. O custo logístico do país aumentou expressivamente, superando, em média, em 83% o dos Estados Unidos e em 94% o da Argentina, principais concorrentes brasileiros no setor de soja [...].

Embora seja uma importante região produtora e exportadora de soja, o Centro-Oeste brasileiro não conta com infraestrutura adequada para o escoamento da oleaginosa, concentrado no modal rodoviário. As condições precárias de conservação das rodovias sob a administração do Estado refletem em perdas na produção. [...] O modal rodoviário vem a ser mais adequado para o transporte de cargas em distâncias consideradas curtas, ou seja, para trajetos de até 300 quilômetros. [...]

Em termos de eficiência, os dois [...] modais [...] (hidroviário e ferroviário) são mais adequados para o transporte de cargas de baixo valor agregado a longas distâncias — caso da soja —, devido à capacidade de deslocar grandes volumes consumindo pouco combustível.

Conforme Coeli (2004), no modal ferroviário consome-se quatro vezes menos combustível que no rodoviário, tornando o primeiro mais vantajoso para o escoamento de cargas a longas distâncias. Assim, se operado eficientemente, o transporte ferroviário de elevada capacidade de carga e caracterizado por baixos custos variáveis, poderia apresentar menores custos de transporte [...].

[...] Para que o transporte da produção de soja do Centro-Oeste tenha menores


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custos, é preciso que os segmentos envolvidos atuem de forma integrada e que se execute uma real política de transportes. São necessários projetos viáveis ao adequado escoamento, de forma a incentivar a intermodalidade, com a ampliação da oferta dos modais hidroviários e ferroviários [...].

CORREA, Vivian Helena Capacle; RAMOS, Pedro. A precariedade do transporte rodoviário brasileiro para o escoamento da produção de soja no Centro-Oeste: situações e perspectivas. Rev. Econ. Sociol. Rural. 2010, v. 48, n. 2. Extraído do site: . Acesso em: 8 maio 2015.

- De acordo com o texto, qual é a modalidade de transporte mais adequada para o escoamento de produtos agrícolas cultivados na região Centro-Oeste do país? Por quê?

- Quais as vantagens do transporte ferroviário? Quais as desvantagens do transporte rodoviário?

- Que outro tipo de transporte é citado no texto, além do rodoviário e ferroviário?

- Qual é a importância dos investimentos na infraestrutura de escoamento da produção agrícola brasileira?

- Busque orientar uma discussão sobre o tema com os alunos, comentando com eles sobre as diversas modalidades de transporte existentes no escoamento dos produtos agrícolas, as vantagens e desvantagens de cada um deles e a necessidade de investimentos nessa área.

Sugestão de atividade Análise do texto

Objetivos

• Ler e interpretar o texto de forma coerente.

• Compreender o contexto vivido pela população indígena do Oeste paulista no final do século XIX.

Comente com os alunos que, quando as primeiras ferrovias começaram a ser construídas no interior de São Paulo, os construtores tiveram de empreender o desmatamento de florestas. Contudo, ao darem prosseguimento às obras, eles se depararam com grupos de indígenas que viviam nesse território. Apresente o texto para os alunos e, em seguida, peça-lhes que respondam aos questionamentos propostos.



O massacre caingangue*

Até praticamente 1880, as terras do extremo Oeste paulista consideradas devolutas passaram a ser demarcadas, e as [etnias] guarani, xavante e caingangue que ali viviam começaram a ser molestadas pelos colonizadores brancos. Mas, se os dois primeiros grupos assistiram ao movimento de expansão passivamente, o mesmo não ocorreu com o último. Estabelecidos nos vales dos rios Peixe, Batalha, Aguapeí e baixo Tietê desde quando chegaram a São Paulo, vindos do Paraná, provavelmente no século XVIII, os caingangues resistiram heroicamente à invasão de suas terras por muito tempo. No entanto, nas últimas décadas do século, a ânsia por novas fronteiras rapidamente levou fazendeiros e posseiros a abandonar sua atitude “temerosa” [...] e assumir uma postura agressiva e de confronto direto.

Os resultados não se fizeram esperar. Em 1885, a região compreendida entre a margem sul do Tietê, o rio Paranapanema e a barranca do Paraná já tinha sessenta fazendas, e dez anos depois contava com uma população de oito mil habitantes. Esse assentamento fora precedido de várias expedições de caça ao bugre, denominadas “dadas”, já praticamente no Oeste paulista desde a segunda metade do
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século XIX. Essas “dadas” eram compostas de bugreiros aliados e matadores profissionais, formando verdadeiras organizações especializadas. A soldo de grandes proprietários e dos que especulavam no comércio de terras, “os bugreiros constituíram, na verdade, o braço armado da ocupação, e com um caráter marcadamente ofensivo e sistemático”.

Inúmeros relatos descreveram a crueldade das tropas de bugreiros contra os [indígenas], como a morte de mais de mil caingangues e a extinção de suas aldeias, em 1886, por envenenamento de sua população: um quilo de estricnina fora adicionado ao suprimento de água da [aldeia]. No mesmo ano, morreram todos os líderes indígenas de outra aldeia atacada, além de grande parte de sua população de cerca de quinhentas pessoas.

ALVIM, Zuleika. Imigrantes: a vida privada dos pobres do campo. In: SEVCENKO, Nicolau (Org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. v. 3. p. 277-9.

*Título dado pelos autores.

a) Qual era a condição das terras do Oeste paulista por volta de 1880?

b) Quais eram os povos que viviam nessa região?

c) Em qual região viviam os caingangues?

d) Qual era a condição das terras do Oeste paulista por volta de 1885?

e) Quem eram os bugreiros?

f) Quais foram as armas utilizadas pelos bugreiros para exterminar os caingangues?

Respostas

a) Até praticamente 1880, as terras do extremo Oeste paulista eram consideradas devolutas, ou seja, eram terras do Estado.

b) Antes da construção da ferrovia, o Oeste paulista era habitado pelos guaranis, xavantes e caingangues.

c) Os caingangues viviam nos vales dos rios Peixe, Batalha, Aguapeí e baixo Tietê desde que chegaram a São Paulo, vindos do Paraná, provavelmente no século XVIII.

d) Por volta de 1885, a região compreendida entre a margem sul do Tietê, o rio Paranapanema e a barranca do Paraná já tinha 60 fazendas, e 10 anos depois contava com uma população de 8 mil habitantes.

e) Os bugreiros eram aliados dos latifundiários e matadores profissionais. Eles constituíram, na verdade, o braço armado da ocupação das terras indígenas.

f) De acordo com os relatos, os bugreiros mataram cerca de mil caingangues e extinguiram suas aldeias, em 1886, por envenenamento de sua população. No mesmo ano, morreram todos os líderes indígenas de outra aldeia atacada, além de grande parte de sua população de cerca de 500 pessoas.

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• Comente com os alunos que o crescimento e as transformações urbanas foram possibilitados, em um primeiro momento, pela expansão da economia agrária. A riqueza e o acúmulo de capitais por parte da expansão agrícola tornaram-na consumidora dos produtos industrializados. Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, as precursoras no processo de industrialização, tiveram o capital industrial subordinado ao cafeeiro. As grandes cidades faziam ainda a comercialização do café pelas casas comerciais e pelo porto do Rio de Janeiro. O capital acumulado pela comercialização colaborou para o desenvolvimento urbano e para a instalação de novas indústrias.


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Explorando o tema páginas 266 e 267

• Sobre o surgimento do Carnaval, no Rio de Janeiro, durante o século XIX, leia o texto a seguir e, se julgar conveniente, comente sobre as informações com os alunos.



A capital cai na folia

No final do século XIX, a Rua do Ouvidor, vista como uma síntese da capital do Brasil, era também uma vitrine de suas contradições. [...]

Um ponto tão importante da vida da cidade era também o coração das comemorações do Carnaval. No alto das sacadas, alugadas a peso de ouro para quem podia dar-se ao luxo, aboletavam-se as famílias mais abastadas — homens de casaca, senhoras em roupas finas ou fantasias de seda, seus jovens mancebos ou filhas donzelas. Os comerciantes, organizados em uma comissão de festejos, haviam instalado arcos de um lado a outro da rua, guirlandas, iluminação festiva para receber os cortejos das sociedades carnavalescas financiadas por homens de negócios e apoiadas por jornalistas e escritores, “homens de espírito” como então se dizia. Nos cortejos, dispendiosos e longamente preparados, expunham à população da cidade seus próprios pontos de vista sobre a política, os costumes, os personagens que faziam a vida da cidade e do país. Os temas eram divulgados nas semanas anteriores em grandes anúncios na imprensa, os puffs, para despertar curiosidade [...].

Nos desfiles fazia-se, sobretudo, a crítica à escravidão e ao regime que a sustentava — o que ajuda a entender por que estas sociedades foram intensamente amadas pelos cariocas. O amor compartilhado entre os ricos das sacadas e as pessoas que se aglomeravam no leito da rua podia mesmo parecer estranho. [...]

Por tudo isso, a Rua do Ouvidor se tornava naquele dia um confuso mar de gente

[...].


CUNHA, Maria Clementina Pereira. A capital cai na folia. Nossa História. n. 2, fev. 2005. p. 18-9.

Figura 90

Mostre aos alunos na imagem que o homem de chapéu amarelo está passando uma mistura de água e polvilho branco no rosto da mulher. Esse era um dos costumes típicos das brincadeiras de carnaval daquela época.

No colo da mulher há uma vasta quantidade dos chamados limões de cheiro, outra brincadeira carnavalesca em que as pessoas costumavam jogar água perfumada umas nas outras.

Cena de Carnaval, de Jean-Baptiste Debret, século XIX.

Jean-Baptiste Debret. Séc. XIX. Aquarela. 18 x 23 cm. Museus Castro Maya, Rio de Janeiro (RJ)

Leia nesse site uma descrição bem interessante do carnaval do século XIX, feita por Jean-Baptiste Debret.


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