História 8º ano



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. Acesso em: 7 nov. 2014.

Observe abaixo uma das caricaturas de Angelo Agostini, publicada no volume 450 da Revista Illustrada, em 1887.



Figura 31

A

Observe o cabeçalho da revista, que contém informações necessárias para interpretar essa fonte histórica, como ano, autor, local, título.



As publicações de Angelo Agostini eram permeadas de imagens. Dessa forma, ele buscava aumentar o público de sua revista e chamar a atenção dos leitores.

O imperador D. Pedro II foi representado dormindo, demonstrando sinais de despreocupação e indiferença quanto à situação do país.

Na caricatura, o jornal que D. Pedro II está segurando, mas ao mesmo tempo deixando de lado enquanto dorme, representa o próprio país. É possível perceber isso por meio do título “O paíz”.

Na parte de baixo da imagem há um texto que, adaptado à linguagem atual, pode ser transcrito dessa forma: “O rei, nosso Senhor e amo, dorme o sono da... indiferença. Os jornais, que diariamente trazem os desmandos desta situação, parecem produzir em Sua Majestade o efeito de um narcótico. Bem-aventurado, Senhor! Para vós, o reino do céu e para o nosso povo... o do inferno!”.

Angelo Agostini. Em: Revista Illustrada. 05/02/1887. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro (RJ)
Página 275

Observe a imagem abaixo e responda às questões.



Figura 32

B

Caricatura de Angelo Agostini, publicada em 1882 na Revista Illustrada. Abaixo da imagem lê-se: “As falas do trono fabricadas pelos nossos governos parecem não ter outro fim senão abalar o próprio trono e colocar a monarquia em tristíssima posição.” (Trecho adaptado à linguagem atual).



Angelo Agostini. Em: Revista Illustrada. 21/01/1882. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro (RJ)

Agora é a sua vez!

Veja as respostas das questões nas Orientações para o professor.



a) Quem é o personagem principal representado acima? Cite alguns elementos da imagem que fizeram você chegar a essa conclusão.

b) Por que Angelo Agostini representou o personagem principal dessa forma? Qual é a crítica que está implícita na caricatura? Explique.

c) Compare as imagens A e B. Quais são as semelhanças entre elas? E as diferenças? Cite pelo menos dois exemplos de cada.
Página 276

A República é proclamada

Entre os grupos sociais que desejavam implantar a República no Brasil, a parcela do Exército chamada de “mocidade militar” era uma das mais atuantes. Esses militares possuíam uma forte tendência ao republicanismo por causa do contato que tiveram com militares que lutaram na Guerra do Paraguai ao lado de oficiais republicanos da Argentina e do Uruguai e também pela influência do positivismo.



Figura 33

Auguste Comte. Gravura de artista desconhecido, século XIX.

Séc. XIX. Coleção particular. Foto: Art Images Archive/Glow Images

O positivismo

Desenvolvido no início do século XIX pelo filósofo francês Auguste Comte (1798-1857), o positivismo apresentava os princípios do que seria uma nova era, científica e positiva. Nessa nova era, nos vários países, seriam estabelecidos governos republicanos preocupados em manter uma ordem social que garantisse o progresso da humanidade, por meio da indústria e da ciência.

No Brasil, essas ideias influenciaram os jovens militares, que se identificavam com o progresso científico proposto pelo positivismo. Quanto aos civis, foram atraídos pelo ideal positivista de um Estado republicano forte e preocupado com políticas sociais.

Figura 34

Proclamação da República, pintura de Benedito Calixto, 1893.

Benedito Calixto de Jesus. 1893. Óleo sobre tela. 123,5 x 198,5 cm. Pinacoteca Municipal de São Paulo (SP)


Página 277

Com isso, republicanos civis e militares se uniram na tentativa de convencer os altos oficiais do Exército Brasileiro a participarem de um golpe de Estado que implantasse a República. Aos poucos, esses republicanos foram se aproximando de Deodoro da Fonseca, marechal de grande prestígio por sua atuação na Guerra do Paraguai. Desapontado com a política militar do imperador, Deodoro acabou aderindo à causa republicana.

No dia 15 de novembro de 1889, Deodoro tomou a frente de militares republicanos e alguns poucos civis e, sem encontrar qualquer resistência, adentrou no 1º Regimento do Exército, onde se encontrava o visconde de Ouro Preto, que era chefe dos ministros, e demitiu o gabinete ministerial.

Nesse mesmo dia, a República foi proclamada. Nessa ocasião, os líderes republicanos assinaram o primeiro decreto do novo governo, instituindo um Governo Provisório, presidido por Deodoro da Fonseca, e transformando as províncias do Brasil em estados federativos.



A Proclamação da República
Celso Castro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
Nesse livro, acompanhe passo a passo como foi o processo de proclamação da República.
Página 278

Atividades

Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.



Exercícios de compreensão

1. Cite alguns motivos da crise do Império brasileiro a partir da segunda metade do século XIX.

2. Sobre a imigração europeia, responda.

a) Qual era o contexto econômico e social dos países europeus de onde saíram muitos dos imigrantes que vieram para o Brasil?

b) Qual era o cenário político e econômico brasileiro na época em que os imigrantes europeus começaram a chegar ao país?

c) O que fazia a Sociedade Promotora da Imigração?

d) Como era o sistema de colonato?

3. O que foi a Lei de Terras?

4. O que as primeiras indústrias instaladas no Brasil produziam?

5. Explique de que maneira o café contribuiu para a modernização do país.

6. Sobre a abolição da escravidão no Brasil, responda.

a) O que foi o Movimento Abolicionista?

b) Explique o que foram as leis abolicionistas.

c) Qual o nome da lei que pôs fim à escravidão no Brasil? Quem a aprovou? E quem a assinou?

d) Como foi a participação popular no processo abolicionista? Por que ela foi importante?

e) O que eram as redes de solidariedade? Qual foi sua importância após a abolição?

7. Explique o que foi o Movimento Republicano.

Expandindo o conteúdo

8. No Brasil, a expansão ferroviária iniciada no século XIX afetou o cotidiano de boa parte da população. Leia o texto.

A prosperidade proveniente do café foi, a um só tempo, causa e consequência do crescimento urbano. As cidades ofereciam oportunidades para profissionais liberais, negociantes, artesãos, funcionários públicos, além de atrair fazendeiros e suas famílias que, graças à facilidade dos transportes, puderam residir longe de suas propriedades, em belos e confortáveis palacetes. Impulsionado pelas novas necessidades de uma população crescente e graças aos capitais disponíveis, o comércio fortaleceu-se, e as atividades industriais deram seus primeiros passos.


Página 279

As florescentes cidades do café foram embelezadas: ruas eram calçadas, arborizadas e iluminadas; praças e parques inaugurados; monumentos e chafarizes erguidos; as mais prósperas tinham seu teatro. As escolas e os jornais multiplicaram-se. Os centros dessas cidades passaram a concentrar as funções administrativas, comerciais e culturais, inaugurando novos modos de vida e de sociabilidade.

Se a importância econômica das ferrovias é evidente, há que se destacar aspectos nem sempre imediatamente visíveis. A criação da malha ferroviária influiu no cotidiano das pessoas. O trem tornou-se um dos mais poderosos símbolos de modernidade, da técnica e do domínio que a humanidade obtivera sobre a natureza. [...]

As estações e suas praças passaram a exibir relógios que marcavam a hora precisa, impondo a todos a noção de pontualidade, uma vez que o trem, comandado pela racionalidade e impessoalidade, não espera por ninguém. Perder o trem — ou o bonde, outro símbolo moderno —, como ensinam os dicionários, tornou-se sinônimo de desorganização e incompetência.

O ato de viajar, antes cercado de dificuldades, generalizou-se. As companhias, pontuais e eficientes, ofereciam para seus passageiros confortáveis carros de primeira classe, além de serviços postais e telegráficos. Pelos trilhos circulavam não apenas pessoas e mercadorias, mas ideias, valores e comportamentos.

Tânia Regina de Luca. Marcha para o Oeste paulista. História Viva: temas brasileiros. São Paulo: Duetto, n. 1, s/d. p. 35. Edição especial.



Figura 35

Antiga estação ferroviária de Campinas (SP). Observe a importância dada ao relógio nessa construção. Fotografia de 2012.

Cesar Diniz/Pulsar

a) Quais profissionais foram beneficiados com o desenvolvimento urbano?

b) Explique qual é a relação entre a produção de café, o crescimento urbano e o desenvolvimento industrial.
Página 280

9. Observe o mapa a seguir.

Figura 36

Expansão ferroviária em São Paulo no século XIX

20° S 45° O

Tró p i co de Ca pricó r nio

OCEANO

ATLÂNTICO

0 40 km


N

O L

S

MG

MS



PR

SP

Agudos



Jaú

Botucatu


Avaré

Porto


Feliz

Itapetininga Sorocaba

São Paulo

Itu


Piracicaba

Araraquara

Descalvado Mogi

Guaçu


Campinas

Amparo


Jundiaí

Santos


Jacareí

Taubaté


Pindamonhangaba

Guaratinguetá Areias Bananal

Cruzeiro

Bebedouro

Ribeirão Preto

Franca


RJ

Até 1868


Até 1888

Até 1900


E. Cavalcante

Fonte: IstoÉ Brasil, 500 anos. São Paulo: Três, 1998.



a) Quais cidades foram interligadas pela primeira ferrovia construída até 1868?

b) Cite o nome de três cidades paulistas que foram interligadas pela estrada de ferro, entre os anos de 1888 e 1900.

c) Com base nas informações do capítulo, escreva um texto sobre a importância da ferrovia para a cafeicultura.

d) Quais as transformações promovidas em algumas cidades brasileiras em decorrência do lucro das exportações cafeeiras?

e) Em quais aspectos a expansão férrea transformou o cotidiano das pessoas?

10. O texto a seguir foi escrito em 1904 por Machado de Assis. Esse trecho, retirado do livro Esaú e Jacó, narra as opiniões de dois irmãos, Pedro e Paulo, sobre um acontecimento importante da história do Brasil. Leia-o.

[...] Enquanto o sono não chegava, iam pensando nos acontecimentos do dia, ambos espantados de como foram fáceis e rápidos. Depois cogitavam no dia seguinte e nos efeitos ulteriores. Não admira que não chegassem à mesma conclusão.


Página 281

“Como diabo é que eles fizeram isto, sem que ninguém desse pela coisa?” — refletia Paulo. “Podia ter sido mais turbulento. Conspiração houve, decerto, mas uma barricada não faria mal. Seja como for, venceu-se a campanha. O que é preciso é não deixar esfriar o ferro, batê-lo sempre, e renová-lo. Deodoro é uma bela figura. Dizem que a entrada do marechal no quartel, e a saída, puxando os batalhões, foram esplêndidas. Talvez fáceis demais; é que o regímen estava podre e caiu por si...”

Enquanto a cabeça de Paulo ia formulando essas ideias, a de Pedro ia pensando o contrário; chamava o movimento um crime.

“Um crime e um disparate, além de ingratidão; o imperador devia ter pegado os principais cabeças e mandá-los executar.



Figura 37

Machado de Assis. Fotografia de autoria desconhecida, s/d.

Album/Oronoz/Latinstock

Infelizmente, as tropas iam com eles. Mas nem tudo acabou. Isto é fogo de palha; daqui a pouco está apagado, e o que antes era torna a ser. Eu acharei duzentos rapazes bons e prontos, e desfaremos esta caranguejola. A aparência é que dá um ar de solidez, mas isto é nada. Hão de ver que o imperador não sai daqui, e, ainda que não queira, há de governar; ou governará a filha, e, na falta dela, o neto. Também ele ficou menino e governou. Amanhã é tempo; por ora tudo são flores. Há ainda um punhado de homens...”

Joaquim Maria Machado de Assis. Esaú e Jacó. Rio de Janeiro; São Paulo; Porto Alegre: W. M. Jackson, 1957. p. 271-2.

a) Sobre qual acontecimento da história do Brasil os dois irmãos estavam refletindo?

b) Qual é a opinião de Paulo sobre o acontecimento? Reescreva no caderno a frase que lhe possibilitou chegar a essa conclusão.

Essa atividade favorece um trabalho articulado com Literatura. Veja mais informações sobre como conduzir a atividade nas Orientações para o professor.



Refletindo sobre o capítulo

Estimule a autonomia na aprendizagem dos alunos solicitando-lhes que realizem a proposta da seção Refletindo sobre o capítulo. Explique-lhes que, caso não tenham compreendido alguma das afirmações, é importante que o professor seja informado para que possa retomar o conteúdo correspondente e sanar as deficiências na aprendizagem.

Agora que você finalizou o estudo deste capítulo, faça uma autoavaliação de seu aprendizado. Verifique se você compreende as afirmações a seguir.

• A partir da segunda metade do século XIX, muitos imigrantes vieram para o Brasil a fim de trabalhar nas lavouras cafeeiras.

• Durante o governo de D. Pedro II, teve início a modernização e a industrialização do Brasil.

• A participação popular foi essencial para que a escravidão fosse oficialmente abolida no Brasil.

• A crise do regime monárquico e a insatisfação de diversos grupos sociais criaram um clima favorável à mudança para o regime republicano.

Após refletir sobre essas afirmações, converse com os colegas e o professor para certificar-se de que todos compreenderam o conteúdo trabalhado neste capítulo.


Página 282

capítulo 12 - A África no século XIX
Página 283

Veja nas Orientações para o professor algumas dicas, sugestões e/ou informações complementares para enriquecer o trabalho com os assuntos deste capítulo.



Neste capítulo, você vai estudar a África no século XIX. Esse continente era habitado por uma grande diversidade de povos, que constituíram sociedades com diversas formas de organização política e social. No entanto, a intervenção imperialista europeia provocou grandes danos às nações africanas.

Observe as imagens apresentadas nestas páginas e converse com os colegas sobre as questões a seguir.

Figura 1

Rei ashanti, sobre a liteira, cercado de guerreiros. Fotografia tirada em Gana, África, cerca de 1890.

c. 1890. Coleção particular. Foto: Michael Graham-Stewart/Bridgeman Images/Easypix

Figura 2

Guerreiro zulu na África do Sul. Fotografia de autoria desconhecida, final do século XIX.

Bettmann/Corbis/Latinstock

Aproveite as imagens e questões das páginas de abertura para ativar o conhecimento prévio dos alunos e estimular seu interesse pelos assuntos que serão desenvolvidos no capítulo. Faça a mediação do diálogo entre os alunos de maneira que todos participem expressando suas opiniões e respeitando as dos colegas.

Veja as respostas das questões nas Orientações para o professor.

A Os ashantis, retratados na fotografia da página ao lado, resistiram à invasão inglesa durante o Imperialismo na África, no século XIX. Você sabe algo sobre o Imperialismo? Comente.

B Os zulus são povos que viviam na região que viria a ser a África do Sul, durante a dominação europeia. Que aspecto da fotografia acima indica a influência cultural dos europeus sobre os zulus?

C O que você já sabe sobre as sociedades africanas no século XIX? Converse com os colegas.
Página 284

O continente africano

A África, no século XIX, apresentava grande variedade de grupos étnicos e de organizações políticas e sociais.



Povos tradicionais

Entre os diversos povos que habitavam o continente africano no século XIX, muitos eram nômades ou seminômades e viviam de maneira tradicional.

Vários povos, como os bosquímanos da região sul do continente e os pigmeus das florestas do Congo, viviam da coleta de raízes, frutas e mel. Outros, como os mursi, que eram seminômades e habitavam a parte oriental do continente, viviam do cultivo da terra e da criação de gado. Esses povos possuíam uma rica tradição oral e sua religião era animista.

Figura 3

Família de pigmeus no Congo. Fotografia de autoria desconhecida, cerca de 1910.

Art Images Archive/Glow Images

As mulheres costumavam ter grande prestígio nas sociedades mursi. Segundo a tradição desse povo, algumas delas tinham o poder de curar outras pessoas. A passagem das mulheres para a fase adulta acontecia aos 15 anos de idade e era marcada pela introdução de um disco de cerâmica em seus lábios, que deveria ser usado pelo resto de sua vida.

No Norte da África, no século XIX, diversos povos nômades viviam no deserto do Saara, entre eles estavam os beduínos. De origem árabe, esses povos se dedicavam ao pastoreio de cabras, ovelhas e camelos. O camelo, animal resistente ao clima do deserto, era seu principal meio de transporte. O comércio era também uma importante atividade. Com suas caravanas, os beduínos atravessavam o deserto do Saara em busca de locais para comercializar.

Figura 4

Acampamento de beduínos no deserto do Saara, final do século XIX.

The Print Collector/Heritage Images/Glow Images

Esse livro consta na lista do PNBE de 2011.



O príncipe medroso e outros contos africanos
Anna Soler-Pont. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
Para saber mais sobre a história da África, leia essa coletânea de contos e lendas que abordam a tradição oral das diversas regiões do continente.
Página 285

Estados expansionistas

Além de povos nômades, existiam diversas outras sociedades no continente africano, muitas delas organizadas em Estados que estavam se expandindo durante o século XIX.

Os governantes africanos que controlavam o comércio externo, principalmente o fornecimento de escravos, tinham maior acesso à pólvora e às armas de fogo europeias, o que desequilibrava a relação de força entre os Estados africanos. A centralização do poder dos reis africanos estava ligada ao crescente expansionismo desses Estados.

Um exemplo desse expansionismo ocorreu na região do Sudão central. Em 1804, o líder dos fulanis, Osmã den Fodio, iniciou uma jihad contra os povos hauçás que habitavam a região. Em poucos anos, a maioria das cidades hauçás caiu sob o domínio dos fulanis, que formaram um califado com sede em Sokoto, cidade fundada em 1809.



Jihad: é o dever de todo muçulmano em defender o islamismo, seja por meio da pregação religiosa, do comportamento pessoal ou da luta armada.

Figura 5

Mercado de Sokoto, Sudão Central, século XIX. Gravura de artista desconhecido, 1860.

Séc. XIX. Coleção particular. Foto: Marzolino/Shutterstock/Glow Images

O Império Zulu

Enquanto aconteciam as jihads no Sudão Central, outros conflitos aconteciam no Sul do continente africano. A origem desses conflitos estava no superpovoamento da região por grupos de língua banto.

Com um período de seca e fome assolando a região, muitos grupos bantos se fundiram ou foram incorporados a grupos maiores, que centralizavam o controle político. Um desses grupos, os ngunis, era liderado por Dingismayo, que organizou um poderoso exército, subjugando outros povos bantos. De uma das tribos ngunis emergiu um líder chamado Shaka, que se destacou como guerreiro e tomou o poder na região em 1818. Shaka, então, fundou o Império Zulu e passou a ser o chefe de uma federação de povos bantos. Para formar um Estado forte, ele introduziu reformas no exército, criando um eficiente corpo militar que foi posto a serviço da expansão zulu.

Figura 6

Família zulu, sul da África, século XIX.

Bettmann/Corbis/Latinstock
Página 286

O kraal zulu

O kraal era o lugar onde, no século XIX, viviam as famílias zulus.



Uma casa a céu aberto

Quando os guerreiros zulus partiam em guerras de conquista, suas esposas e filhos ficavam no kraal. O kraal era um conjunto de habitações zulus que podia comportar desde duas até quarenta cabanas.


Página 287

Como a sociedade zulu era patriarcal e poligâmica, geralmente o chefe do kraal tinha várias esposas. Observe, na ilustração a seguir, um kraal zulu.



Figura 7

As cubatas eram as cabanas que compunham o kraal. Dispostas em semicírculo, eram feitas com uma armação de varas preenchida com argila e cobertas com palha.

O kraal geralmente ficava localizado em lugares altos, onde se podia avistar o inimigo de longe em caso de ataques.

As mulheres cuidavam da plantação e da educação das crianças. Tanto mulheres quanto homens produziam trabalhos artesanais.

Os homens cuidavam do gado e da defesa do kraal, além de atuarem como guerreiros em épocas de conflito.

As paliçadas protegiam e demarcavam o território do kraal e do curral.

No pátio central havia o curral, lugar onde o gado era guardado durante a noite. No curral também eram realizadas reuniões do grupo, enterro dos chefes e cerimônias de casamento.

As torres vigias eram distribuídas ao longo da paliçada externa.

A cubata maior era habitada pelo chefe do kraal.

A cubata da primeira esposa ficava à esquerda da cubata do chefe. As demais esposas ocupavam as cubatas ao redor do kraal.

Quando uma bandeira branca era colocada na cabana, significava que o homem solteiro estava de noivado marcado.

O gado bovino era muito importante para os zulus, pois, além de fornecer carne, leite e couro, era usado como moeda de troca. O gado era símbolo de status para o chefe do kraal.

As cubatas próximas à entrada do kraal estavam reservadas a mulheres e homens solteiros.

Art Capri

Essa ilustração é uma representação artística feita com base em estudos históricos.
Página 288

O Imperialismo na África

Nas últimas décadas do século XIX, as potências europeias iniciaram uma nova forma de Imperialismo.



Origens e características do Imperialismo

O Imperialismo foi um processo iniciado nas últimas décadas do século XIX, que se caracterizou pela expansão das potências capitalistas europeias, como França e Inglaterra, sobre os territórios da África, da Ásia e da Oceania.

Na origem desse processo, do qual mais tarde também participaram os Estados Unidos e o Japão, estavam as modificações no mundo capitalista criadas pela Revolução Industrial, que entrara em outra fase na segunda metade do século XIX. Essa nova fase da Revolução Industrial foi marcada pela expansão da industrialização, iniciada na Inglaterra, para outros países europeus, como a Bélgica, a França e a Alemanha.

Nessa época, a indústria europeia também recebeu melhorias técnicas, como a energia elétrica, os motores movidos a óleo diesel e a gasolina, o uso do aço e outros avanços nas áreas da química e da mecânica. Com isso, houve um grande crescimento da produção industrial, que acabou gerando crises de superprodução no início da década de 1870, ou seja, os mercados consumidores europeus já não absorviam o que as suas indústrias produziam.

A saída para a crise europeia, no entender de muitos políticos e empresários europeus, era tomar posse de territórios coloniais, pois as colônias poderiam fornecer matérias-primas para a indústria europeia e ainda adquirir os produtos industrializados que estavam acumulados na Europa.

Figura 8

Desembarque de produtos ingleses em um porto comercial na África do Sul, no final do século XIX. Fotografia de autoria desconhecida.

Mary Evans Picture Library/Lynne/Easypix
Página 289

Diferentes imperialismos

O termo imperialismo deriva da palavra latina imperium, cujo significado pode ser traduzido como autoridade, dominação sobre um território estrangeiro. Como, ao longo da história, houve várias formas de um povo exercer a autoridade e a dominação sobre outro, o conceito de imperialismo precisa ser compreendido em sua historicidade.

O imperialismo exercido na Roma Antiga, por exemplo, era aquele que buscava, sobretudo, a expansão territorial para a criação de províncias onde cobrava pesados impostos. Já o imperialismo inaugurado na época das Grandes Navegações, no século XV, tinha como objetivo formar colônias para a exploração mercantilista. O imperialismo do século XIX, por sua vez, procurou abrir novos mercados consumidores e garantir o acesso às matérias-primas necessárias para a indústria europeia e, posteriormente, a estadunidense e a japonesa.

Enquanto isso... na Itália e na Alemanha

Diferentemente de outras nações europeias, a Itália e a Alemanha mantiveram-se fragmentadas até meados do século XIX. Nesse período, foram iniciados processos de unificação dessas regiões, visando à formação de Estados nacionais.

Na Itália, esse processo ocorreu entre os anos de 1850 e 1870, e foi levado a cabo por proprietários rurais, membros da burguesia liberal italiana e pela nobreza do reino do Piemonte-Sardenha, pois eles entendiam que a fragmentação do território prejudicava a economia da península Itálica.

Figura 9

Representação da Batalha de Calatafimi, de 1860, durante o processo de unificação da Itália. Pintura de R. Legat, 1860.

R. Legat. Séc. XIX. Óleo sobre tela. 121 x 180 cm. Museu do Risorgimento, Milão (Itália). Foto: A. Rizzi/De Agostini/Glow Images

Pouco depois da unificação da Itália, ocorreu o processo de unificação da Alemanha.

Leia o texto.

[...] Na Alemanha, a unificação foi direcionada pela Prússia, num movimento claramente “de cima para baixo”, contando com o apoio da nobreza junker e da burguesia e afastando completamente os setores populares. A unificação foi completada em 1871, após a vitória sobre os franceses na Guerra Franco-Prussiana. Esta guerra não assinala apenas o momento da unificação. Marca também, profundamente, o inconsciente coletivo da população francesa, vindo a se constituir, naquele país, um forte sentimento nacionalista e revan chista, que explodirá no início do século XX.

Adhemar Martins Marques e outros. História contemporânea através de textos. 11. ed. São Paulo: Contexto, 2005. p. 73. (Textos e Documentos).

Junker: membro da nobreza prussiana que detinha grandes propriedades de terra.
Página 290

A colonização europeia na África

No início do século XIX, a presença europeia no continente africano se limitava a algumas regiões litorâneas. Isso acontecia, principalmente, porque os povos africanos não permitiam o avanço dos estrangeiros no interior de seu território.

Nessa época, o tráfico de escravos era uma importante fonte de renda para muitos Estados africanos. A suspensão desse comércio, ocorrido em meados do século XIX por pressão dos ingleses, enfraqueceu os Estados africanos mais poderosos, diminuindo assim sua capacidade de resistência frente à invasão europeia.

Além disso, no final do século XIX, os europeus se viram em condições de superioridade militar suficientes para expandir seus domínios para o interior do continente africano. A princípio, os europeus se limitaram a consolidar áreas de influência, por meio de alianças e tratados com chefes africanos, visando à formação de protetorados. Apenas em um segundo momento, eles se lançaram à conquista militar, principalmente quando seus interesses foram contrariados por chefes africanos.



Protetorado: região sob “proteção” de estrangeiros. No regime de protetorado, os chefes locais mantinham formalmente o poder, mas eram obrigados a acatar as decisões de seu “protetor”.

Argélia

A Argélia foi invadida e tomada pelos franceses em 1830, em batalhas que exterminaram um terço da população local. A despeito da maioria muçulmana entre os nativos, os colonos franceses converteram a principal mesquita argelina na Catedral de São Felipe, por volta de 1845.

Com as crescentes insatisfações com a exploração perpetrada pela França, os argelinos iniciaram em 1954 uma guerra por sua independência, alcançando seu objetivo em 1962.

Figura 10

Oran, na Argélia, cerca de 1890. Nesta imagem, notamos vários elementos introduzidos pelos colonos franceses, como o tipo de vestimenta utilizado, o bonde elétrico e as placas comerciais em língua francesa.

adoc-photos/Corbis/Latinstock

África do Sul

A Companhia Holandesa das Índias Orientais estabeleceu-se na região do Cabo em 1652, dominando os povos nativos como os khoikhoi (chamados hotentotes pelos holandeses).

A partir de 1806, os ingleses também se estabeleceram no território sul-africano, disputando-o com os holandeses.

Mesmo depois da abolição da escravidão, em 1835, os negros sul-africanos sofriam discriminação, inclusive com a política de segregação institucionalizada, chamada apartheid. O país só tornou-se independente em 1961, e o apartheid só teve fim em 1994.



Figura 11

Carruagens transitam pela rua central da Cidade do Cabo, 1890. A influência inglesa na paisagem dessa cidade pode ser notada na arquitetura, nos meios de transporte e nas vestimentas retratadas na fotografia.

Hulton-Deutsch Collection/Corbis/Latinstock
Página 291

Egito

No século XIX, o Egito era atrativo aos ingleses por dois motivos: é onde se localiza o Canal de Suez (que permite ligar a Europa à Ásia sem contornar o continente africano), e era o maior produtor de algodão do mundo, matéria-prima fundamental para a moderna indústria têxtil inglesa.

A Inglaterra estabeleceu seu domínio em 1822, e o dinamismo comercial que ocorreu no Egito causou a migração de vários povos vizinhos para a região, até então, majoritariamente de origem árabe. Embora vivenciasse uma fase de modernização, nesse período o Egito contraiu muitas dívidas com países europeus, o que quase o levou à falência.

O Egito foi um protetorado inglês até 1936, quando foi instituída uma monarquia, porém o Canal de Suez manteve-se sob domínio inglês, e os monarcas egípcios colaboravam com os interesses britânicos. A continuidade da interferência inglesa no Egito gerou a Revolução de 1952, que culminou na proclamação da República do Egito.



Figura 12

Construção de barragem no rio Nilo, Assiut, Egito, cerca de 1890. Os colonos britânicos trouxeram consigo novas tecnologias para adaptar o espaço africano às suas necessidades imperialistas.

Hulton-Deutsch Collection/Corbis/Latinstock

O sujeito na história

Yaa Asantewa

Yaa Asantewa foi uma rainha-mãe ashanti. Em 1896, os ingleses invadiram o território de seu povo e passaram a exigir que os ashantis se entregassem. Percebendo o receio que os chefes guerreiros tinham de combater um inimigo dotado de armas poderosas, a rainha Yaa passou a instigar os guerreiros ashantis à resistência. Ameaçando os homens, ela dizia:

Se vocês homens de Ashanti não forem adiante, iremos nós. Nós, as mulheres. Eu convidarei as minhas companheiras. Nós lutaremos contra os homens brancos. Nós lutaremos até que a última de nós caia nos campos de batalha.

Extraído do site: . Acesso em: 5 nov. 2014.

Decorridos vários meses de violentos combates, a resistência ashanti foi vencida e a rainha Yaa Asantewa acabou sendo capturada. A coragem de Yaa, porém, é lembrada até os dias de hoje como um exemplo do orgulho da mulher negra.

Figura 13

Yaa Asantewa cercada de guerreiros ashantis. Kumasi, Gana, início do século XX.

Hulton-Deutsch Collection/Corbis/Latinstock
Página 292

A África dividida

Após o estabelecimento das regras para a possessão de territórios na África, ocorrido durante a Conferência de Berlim, o continente africano foi dividido entre as poderosas potências europeias. Essa divisão ficou conhecida como


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