História 8º ano



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Partido Conservador, era formado por comerciantes, magistrados, burocratas e grandes proprietários rurais, especialmente do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco.

O Partido Liberal, por sua vez, era composto pela pequena classe média urbana, clérigos e proprietários rurais do sudeste e do sul do país. Apesar de suas divergências, os dois partidos tinham muitos interesses em comum.

A mão de obra

A partir da segunda metade do século XIX, começaram a chegar imigrantes para trabalhar, principalmente nas lavouras cafeeiras.

A imigração de europeus aumentou significativamente nas últimas décadas do século XIX. Grande parte desses imigrantes trabalhava nas fazendas de café, mas muitos deles se dirigiram às cidades para trabalhar como operários nas fábricas, no comércio e em outras atividades urbanas.

Apesar das várias mudanças que ocorreram durante o reinado de D. Pedro II, a sociedade continuou essencialmente agrária e escravista.



Figura 4

A expansão cafeeira contribuiu para a modernização do Brasil, mas, até o final do século XIX, grande parte do trabalho nas fazendas ainda era realizada por escravos. Fotografia de Marc Ferrez, cerca de 1882.

Marc Ferrez. c. 1882. Coleção Gilberto Ferrez. Acervo Instituto Moreira Salles, São Paulo (SP)
Página 231

Política e modernidade

Na economia, o crescimento da produção cafeeira permitiu o desenvolvimento do país em diversos aspectos. Durante o Segundo Reinado, o Brasil se tornou o maior exportador de café do mundo. A mão de obra escrava continuou sendo usada nas lavouras até o final do século XIX e foi a grande responsável pela geração de riquezas do Império.

Com o aumento da produção, o governo e os fazendeiros puderam investir os lucros da venda do produto na melhoria dos sistemas de transporte para escoamento e distribuição do café. Além desses investimentos, houve ainda uma grande participação de capital estrangeiro, principalmente inglês, na renovação desse sistema. Nesse contexto, houve a expansão das ferrovias, o que favoreceu o crescimento e o surgimento de novas cidades e também o desenvolvimento da indústria e do comércio no Brasil.

Figura 5

No início do Segundo Reinado o café já era o principal produto de exportação do Brasil. Os lucros gerados pela produção cafeeira favoreceram o desenvolvimento industrial e urbano, sobretudo, da região sudeste. A fotografia ao lado, de Marc Ferrez, retrata uma reforma no porto de Santos (SP), de onde era exportada a maior parte do café produzido no Brasil, 1880.

Marc Ferrez. Séc. XIX. Coleção Gilberto Ferrez. Acervo Instituto Moreira Salles, São Paulo (SP)

Figura 6

Ao longo do século XIX, foram construídas várias ferrovias que propiciaram maior integração do território brasileiro, melhorando o transporte de mercadorias, de correspondências e, também, de passageiros. A fotografia ao lado, de Marc Ferrez, retrata a inauguração da ponte sobre o rio Paraíba do Sul, no município de Barra do Piraí (RJ), em 1888.

Marc Ferrez. Séc. XIX. Coleção Gilberto Ferrez. Acervo Instituto Moreira Salles, São Paulo (SP)
Página 232

O início do Segundo Reinado

No início de seu governo, D. Pedro II combateu movimentos separatistas e centralizou o poder em suas mãos.



O contexto político

Os primeiros anos do Segundo Reinado foram um período em que D. Pedro II procurou organizar seu governo, estabelecendo medidas para conter a instabilidade política e combater movimentos separatistas e revoltas populares no Império. Para centralizar o poder e manter a sua estabilidade, D. Pedro II procurou equilibrar as disputas entre os grupos políticos da época.

Nesse período, o cenário político foi marcado pelas disputas entre o partido liberal e o partido conservador, que se revezavam no comando da Câmara dos Deputados. Ao longo da década de 1840, no entanto, houve um acirramento nas disputas entre esses dois partidos, principalmente no que diz respeito à autonomia das províncias e à centralização do poder imperial. Nesse contexto, D. Pedro II usou a Constituição de 1824 a seu favor e reforçou o Poder Moderador, atribuindo maiores poderes para si.

Museu Imperial
Faça um passeio virtual no site para conhecer o acervo do museu.
Você poderá visualizar as galerias com diversos objetos que fizeram parte da história brasileira durante o período do Império. Veja em:
. Acesso em: 4 nov. 2014.

O reinado de D. Pedro II

Observe na linha do tempo os principais fatos ocorridos durante o Segundo Reinado.



Figura 7

1840 a 1889

Segundo Reinado

Durante o governo de D. Pedro II, o Estado nacional brasileiro é consolidado e o Brasil enfrenta o maior conflito externo de sua história: a Guerra do Paraguai. Após esse conflito, o Império passa por graves crises econômicas e políticas. No final do Segundo Reinado, os ideais abolicionistas e republicanos ganham força, resultando na abolição da escravidão e na Proclamação da República.

1840 1850 1860 1870 1880 1890

1840


Antecipação da maioridade: D. Pedro II torna-se imperador.

1845


O parlamento inglês aprova a Lei Bill Aberdeen.

1848


Tem início, em Pernambuco, a Revolução Praieira.

1850


Aprovação da lei Eusébio de Queiroz e da Lei de Terras.

1871


Aprovação da Lei do Ventre Livre.

1864


Começa a Guerra do Paraguai.

1885


Aprovação da Lei dos Sexagenários.

1870


Fundação do Partido

Republicano.

1888

Assinatura da Lei Áurea, que oficialmente põe fim à escravidão no Brasil.



1889

Proclamação da República.


Página 233

A Revolução Praieira

Durante o Segundo Reinado, a província de Pernambuco novamente foi palco de uma grande revolta.



O conflito

No início do Segundo Reinado, a província de Pernambuco era um importante centro econômico do Nordeste. Recife, a capital da província, possuía um comércio forte e atraía pessoas de outros lugares do Brasil, formando uma sociedade bastante diversificada.

Nesse contexto, teve início um conflito de interesses entre liberais e conservadores em Pernambuco. Os liberais passaram a divulgar suas ideias políticas por meio de artigos em jornais. Em 1842, eles inauguraram o periódico Diário Novo, com sede na rua da Praia, no Recife, e por isso ficaram conhecidos como praieiros.

A disputa entre os praieiros e os conservadores foi se intensificando até se tornar um conflito armado, no final de 1848. O conflito teve início em Olinda, porém, logo se espalhou por toda a província. Setores populares formados por ex-escravos, vaqueiros e pequenos comerciantes também se mobilizaram apoiando os praieiros. No dia 1º de janeiro de 1849, eles divulgaram o Manifesto ao mundo. Veja um trecho desse documento.



Figura 8

Os sertanejos pobres, que estavam sujeitos às duras condições impostas pelos grandes proprietários rurais, apoiaram os praieiros durante a revolução. Sertanejo, aquarela de Charles Landseer, cerca de 1827.

Charles Landseer. c. 1827. Aquarela. Biblioteca Municipal Mário de Andrade, São Paulo (SP)

Protestamos só largar as armas quando virmos instalada uma Assembleia Constituinte. Esta assembleia deve realizar os seguintes princípios:

1º – O voto livre e universal do povo brasileiro.

2º – A plena e absoluta liberdade de comunicar os pensamentos por meio da imprensa.

3º – O trabalho como garantia de vida para o cidadão brasileiro.

Júlio José Chiavenato. As lutas do povo brasileiro: do “descobrimento” a Canudos. São Paulo: Moderna, 1988. p. 62.

A repressão à revolta foi grande, causando a morte de muitas pessoas. Em abril de 1850, a revolta foi sufocada pelas tropas do governo.

Figura 9

Recife na época da Revolução Praieira. Gravura de F. Kaus, cerca de 1850.

F. Kaus. Séc. XIX. Gravura. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro (RJ). Foto: Album/DEA/G. DAGLI ORTI/Latinstock
Página 234

A expansão cafeeira

No decorrer do século XIX, a produção de café se tornou a mais importante atividade econômica do Brasil.



A opção pelo café

O café foi introduzido no Brasil em 1727 pelo sargento-mor Francisco de Melo Palheta, que trouxe da Guiana Francesa algumas sementes e as plantou em sua propriedade, no Pará. De lá, o café foi levado por viajantes para outras regiões, chegando ao Rio de Janeiro por volta de 1770, quando teve início seu cultivo comercial.

Inicialmente, os fazendeiros brasileiros resistiram em adotar o cultivo do café, pois eles estavam acostumados com a produção da cana-de-açúcar e do algodão para a exportação. No entanto, o produto alcançou um bom preço no mercado internacional e o governo passou a incentivar seu cultivo.

Figura 10

Ramo e grãos de café.

CHAIWATPHOTOSShutterstock.com

O aumento do consumo externo

No início do século XIX, houve um grande aumento no consumo de café, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, o que provocou um considerável aumento no preço do produto.

O Haiti, colônia francesa nas Antilhas, que era grande produtora de café, havia passado por uma guerra de independência. Essa guerra prejudicou a sua produção de café, possibilitando, assim, que o Brasil substituísse o Haiti como grande exportador desse produto.

Figura 11

A maior parte do café consumida na Europa e nos Estados Unidos era produzida no Brasil. Ao lado, gravura que representa uma casa de café na Inglaterra, produzida por B. P. Peacke, século XIX.

B. P. Peacke. Séc. XIX. Gravura. Museu Carnavalet, Paris (França). Foto: White Images/PSA/Glow Images
Página 235

A marcha do café

O Brasil tinha clima e solos favoráveis para o cultivo do café. Além disso, havia mão de obra escrava e capitais disponíveis para investir na lavoura cafeeira, provenientes de comerciantes, ex-mineradores e de antigos donos de engenhos de açúcar.

Assim, entre os anos de 1830 e 1850, os cafezais avançaram pela província de São Paulo, substituindo as lavouras de cana-de-açúcar. Nesse período, o café passou a ser o produto mais exportado pelo Brasil.

As técnicas de cultivo do café utilizadas no século XIX, porém, causavam um rápido esgotamento do solo. Por isso, para aumentar a produção e atender à demanda de consumo, os cafeicultores foram desmatando novas regiões para cultivar o café. Essa expansão dos cafezais é conhecida como “marcha do café”.



Figura 12

A expansão do café no século XIX

Rio Grande

Rio Tietê

Rio Pardo

Rio Paranapanema

Rio Paraíba do Sul

0 85 km

N

O L

S

20° S 45° O

Trópico de Capricórnio

OCEANO


ATLÂNTICO

São Paulo

Rio de Janeiro

Santos

Ribeirão


Preto

SP

PR



RJ

MG

Sorocaba



Campinas

Jacareí


São Sebastião

Caraguatatuba

São Luís do Paraitinga

Ubatuba


Parati Angra dos Reis

Taubaté


Guaratinguetá

Lorena


Bananal

Resende Vassouras

Araraquara

Início do século XIX

A partir de 1830

A partir de 1850

A partir de 1880

E. Cavalcante

Fonte: CAMPOS, Flávio de; DOLHNIKOFF, Miriam. Atlas da história do Brasil. São Paulo: Scipione, 1993.

Observe a seguir uma pintura que representa uma fazenda de café.



Figura 13

Fazenda de café no vale do Paraíba, pintura de Benedito Calixto, cerca de 1900.

Benedito Calixto. c. 1900. Óleo sobre tela. Museu Paulista da USP, São Paulo (SP)



Explorando a imagem

a) Descreva a imagem, procurando identificar alguns elementos que faziam parte de uma grande fazenda cafeeira, por exemplo: o terreiro de secagem do café, a casa-grande e as moradias dos trabalhadores.

b) Nessa fazenda é possível perceber o esgotamento do solo? Como? Comente.

Veja as respostas das questões nas Orientações para o professor.


Página 236

O trabalho escravo nos cafezais

No século XIX, o trabalho escravo era considerado essencial para a cafeicultura.



O dia a dia na fazenda

Até a segunda metade do século XIX, a cafeicultura brasileira foi baseada no trabalho escravo, utilizado em todas as etapas da produção do café. Leia o texto a seguir.

No regime de cativeiro, os escravos eram incumbidos das mais diferentes tarefas ligadas ao café: derrubada das matas, preparo das terras, cuidado dos viveiros, plantio das mudas, colheita dos frutos e beneficiamento. Em meados do século XIX, calculava-se que apenas um cativo era capaz de fazer a colheita de mil árvores. Para a retirada dos gr ã os, os fazendeiros utilizavam, al é m dos homens, mulheres (escravas da roça) e crianças.

Denis Cardoso. As metamorfoses da mão de obra. História Viva: temas brasileiros. São Paulo: Duetto, n. 1, s/d. p. 68. Edição Especial.

Além dos trabalhos ligados diretamente ao cultivo e à colheita do café, a mão de obra escrava era utilizada na realização de várias tarefas, como o transporte do produto até os portos, a manutenção dos equipamentos, a construção dos barracões para armazenar o café, entre outras.

Para manter o abastecimento de escravos, o tráfico foi intensificado em meados do século XIX. Calcula-se que, até 1850, entravam anualmente no Brasil cerca de 20 mil africanos escravizados, sendo a maioria deles destinada às atividades cafeeiras.



Figura 14

Carregadores de café a caminho da cidade, aquarela de Debret, 1826.

Jean-Baptiste Debret. 1826. Aquarela. 15,9 x 22 cm. Museus Castro Maya, Rio de Janeiro (RJ)

A lei Bill Aberdeen

Desde a época da independência, o governo brasileiro vinha sofrendo pressões dos ingleses para acabar com o tráfico de escravos. Porém, tanto o governo imperial quanto as elites agrárias brasileiras acreditavam que a abolição do tráfico arruinaria a economia nacional, pois ela estava baseada na mão de obra escrava.

As pressões inglesas, contudo, aumentaram: em 1845, o Parlamento inglês decretou a Lei Bill Aberdeen, que permitia à esquadra britânica aprisionar navios que praticassem o tráfico de escravos.
Página 237

O fim do tráfico de escravos

Com a lei Bill Aberdeen, a Marinha inglesa passou a abordar navios suspeitos de tráfico de escravos no oceano Atlântico. Essa situação gerou vários conflitos entre os governos do Brasil e da Inglaterra.

A pressão inglesa pelo fim do tráfico de escravos chegou ao extremo no caso do Incidente de Cormorant, ocorrido em 1850, em Paranaguá, litoral do Paraná. Nessa ocasião, uma embarcação inglesa invadiu a Baía de Paranaguá para capturar navios brasileiros carregados de escravos. Militares brasileiros e moradores inconformados com a invasão atacaram a embarcação inglesa.

Figura 15

Ao lado, a tela Incidente do Cormorant, de Rodolpho Doubek, 1982.

Rodolpho Doubek. 1982. Museu Paranaense, Curitiba. Secretaria de Estado da Cultura/Governo do Estado do Paraná

Essa situação forçou o governo brasileiro a aprovar, em 1850, a Lei Eusébio de Queiroz, que abolia o tráfico internacional de escravos para o Brasil. Essa lei interrompeu o fluxo de escravos da África para cá e criou dificuldades para o fornecimento de mão de obra para as regiões cafeeiras.



Enquanto isso... na Europa

Na época dos conflitos entre Brasil e Inglaterra por causa do tráfico de escravos, ocorreram revoltas de caráter liberal e democrático em várias cidades europeias, como Paris, na França, Berlim, na Alemanha, e Viena, na Áustria. Essas revoltas ficaram conhecidas como Primavera dos Povos.

Os operários europeus estavam descontentes com as péssimas condições de vida e de trabalho a que estavam submetidos. Assim, apoiados por artesãos e estudantes, esses operários saíram às ruas para exigir mudanças. Eles reivindicavam maior participação política e melhores condições de trabalho.

Embora não tenha resultado em grandes melhorias na vida dos operários, a Primavera dos Povos contribuiu para fortalecer as instituições democráticas em vários países europeus.



Figura 16

Para enfrentar as tropas do exército, operários alemães montam uma barricada, em Berlim, em 1848. Xilogravura de J. Kirchhoff, 1848.

J. Kirchhoff. 1848. Xilogravura. Coleção particular. Foto: Album/Akg-Images/Latinstock
Página 238

A resistência dos escravizados

Os africanos e afrodescendentes nunca aceitaram passivamente a escravização.



Luta contra a escravização

Nos cafezais, os fazendeiros procuravam explorar ao máximo a força de trabalho dos escravos, submetendo-os a longas jornadas. Além disso, os feitores vigiavam o trabalho nos cafezais, controlando e punindo os escravos considerados insubmissos.

Em resposta a essa situação, muitos escravos se revoltavam e resistiam ao controle dos feitores. Alguns deles fingiam ser obedientes, mas na prática faziam o serviço lentamente, quebravam ferramentas e interrompiam o trabalho quando o feitor se distanciava. Porém, os escravos também resistiam ao cativeiro, organizando revoltas violentas e principalmente fugas, que podiam ser individuais ou coletivas.

Figura 17

Escravos jogando capoeira, uma importante forma de resistência cultural. Jogo de capoeira, litogravura de Rugendas, cerca de 1835.

Johann Moritz Rugendas. c. 1835. Litogravura. Coleção particular

Fuga e negociação

Muitas vezes, as fugas eram utilizadas pelos escravos como forma de pressionar os senhores a negociar melhores condições de vida e de trabalho. O prejuízo que o abandono do serviço causava aos fazendeiros forçava-os a negociar com os escravos e atender a algumas de suas reivindicações.



Figura 18

Fuga de escravos, pintura de François Auguste Biard, 1859.

François Auguste Biard. 1859. Óleo sobre madeira. Coleção particular


Página 239

A formação de quilombos

Quando os escravos fugiam, eles geralmente se reuniam em lugares escondidos no interior do território e formavam quilombos.

Os quilombos eram comunidades de escravos estabelecidas no interior das matas, em locais de difícil acesso. Nessas comunidades, os escravos fugitivos produziam seus próprios alimentos e alguns artigos necessários em seu dia a dia. Os demais produtos eram conseguidos por meio do comércio com outros quilombos, com aldeias indígenas ou mesmo com vilas e fazendas próximas.

Veja, a seguir, a planta de um quilombo do século XVIII.



Figura 19

Casa do capitão, o chefe do quilombo. Os chefes eram tratados pelos quilombolas como reis, mas eles tinham que demonstrar grande coragem e conhecimento militar para enfrentar as ameaças representadas pelos colonos e pelas tropas da Coroa portuguesa.

Para proteger o quilombo de ataques e invasões, além de vários vigias, havia fossos camuflados na vegetação, estradas falsas, armadilhas e passarelas que eram retiradas durante a noite.

Pátio aberto onde se realizavam os encontros coletivos, como as festividades religiosas. No Quilombo Buraco do Tatu, a liderança religiosa era exercida por uma mulher, que os colonos chamavam de “feiticeira” por desconhecerem a importância da mulher nas religiões tradicionais africanas.

Havia, junto ao quilombo, maior um “quilombo pequeno”, que também era defendido por paliçadas de estacas e pelo brejo que contornava ambos os quilombos. Além disso, havia várias rotas de fuga, tanto em direção ao interior quanto ao litoral.

Segundo as indicações da planta, os quilombolas cultivavam maracujá e hortaliças, mas é provável que também produzissem milho e mandioca, como era comum nos quilombos. Parte do que produziam era comercializada na periferia das vilas e pequenas cidades da região, longe da vigilância das forças policiais.

Casas comuns da população do quilombo. Entre essas casas, havia oficinas de artesãos, onde se fabricavam tecidos, potes de cerâmica e cestas de palha. Entre os artesãos havia também ferreiros, que produziam ferramentas e armas de metal.

Planta do Quilombo Buraco do Tatu, em Itapuã (BA). Autor desconhecido, cerca de 1764.

c. 1764. Ilustração. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa (Portugal)
Página 240

As diferentes atividades econômicas

Além do café, outros produtos eram importantes para a economia do Brasil no século XIX.



Uma economia agrária

Durante o Segundo Reinado, o Brasil era um país basicamente agrícola. Além da produção de açúcar, realizada principalmente no Nordeste, e de café, no Sudeste, havia outras atividades econômicas importantes que eram desenvolvidas em diferentes regiões brasileiras. Observe.



Figura 20

A economia brasileira no século XIX

O CEA NO


PA CÍ F I C O

OCEANO


ATLÂNTICO

Equador


0 300 km

0° 50° O


N

O L

S

Trópico de Capricórnio

Grão-Pará

Salvador


São Paulo

Porto Alegre

Desterro

Curitiba


Cuiabá

Manaus


Belém

Rio de Janeiro

Ouro Preto Vitória

Aracaju


Maceió

Recife


João

Pessoa


Natal

Fortaleza

Teresina

São Luís


Goiás

MG

SP



PR

MT GO


AM MA

PI

RN



PB

PE

AL



SE

BA

ES



RJ

CE

SC



RS

Drogas do sertão e borracha

Café

Cacau


Pecuária

Algodão


Erva-mate

Cana-de-açucar

Mineração

Tabaco


E. Cavalcante

Fonte: ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 1995.


Página 241

Veja algumas informações sobre os principais produtos que, juntamente com a cana-de-açúcar, eram importantes para a economia do Brasil no século XIX.



Mineração

O auge da mineração ocorreu no século XVIII, em Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. Entretanto, essa atividade, ainda que reduzida, permaneceu importante durante o século XIX.



Figura 21

Pepitas de ouro.

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Drogas do sertão e borracha

Desde a época colonial, na região amazônica era realizada a coleta das drogas do sertão, entre elas anil, castanha-do-pará, urucum, cravo e canela. A extração do látex, uma resina retirada da seringueira e usada para a fabricação de borracha, tornou-se a principal atividade econômica da região na segunda metade do século XIX.



Figura 22

Sementes de urucum.

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Erva-mate

As folhas e os brotos da erva-mate eram coletados nos ervais silvestres das províncias do Sul do Brasil. Depois de tostados e triturados, eram exportados para os países da região platina.



Figura 23

Erva-mate.

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Algodão e tabaco

Esses produtos eram cultivados por pequenos e médios agricultores, principalmente nas províncias de Pernambuco, Maranhão, Alagoas e Paraíba.



Figura 24

Ramo de algodão.

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Pecuária

Embora espalhada pelo território nacional, a pecuária era uma atividade forte no Nordeste e no Sul do país. De seus rebanhos, os vaqueiros extraíam o couro, que era exportado, e a carne, utilizada para produzir o charque que era comercializado no interior do país.



Figura 25

Charque.


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Cacau

A produção do cacau teve início na segunda metade do século XIX. As sementes do cacau, depois que secavam, eram enviadas para a Europa, onde eram utilizadas na fabricação de chocolate.



Figura 26

Sementes do cacau.

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Página 242

A Guerra do Paraguai

Considerada o maior conflito externo brasileiro, a Guerra do Paraguai contou com a participação de homens e mulheres.



O jogo de interesses

Localizada no Sul do continente americano, a bacia do Prata tinha uma importância estratégica no século XIX. Seus rios eram utilizados por vários países da região para a navegação e isso provocava conflitos entre esses países pelo controle da área.

O Paraguai estava consolidando sua independência desde 1811, e tinha interesse na navegação dos rios da região platina, pois eles eram a única ligação do país com o mar, o que possibilitava a circulação das mercadorias produzidas no Paraguai para serem vendidas ao mercado externo. A Argentina também disputava o domínio dos rios e das terras daquela região.

Para o Brasil, os rios eram importantes vias de comunicação entre a província do Mato Grosso e a região Sul do país. Além disso, D. Pedro II, o imperador brasileiro, preocupava-se em manter a hegemonia no continente, assegurando sua influência sobre os países vizinhos independentes.



Figura 27

A bacia do Prata — 1864

OCEANO ATLÂNTICO

Trópico de Capricórnio

0 140 km


30° S 55° O

N

O L

S

Rio Paraná á

Rio Paran

Rio Paraguai

Rio Pilcomayo

Rio Apa

Rio Iguaçu

Rio Uruguai

Rio do Prata

URUGUAI

ARGENTINA



BRASIL

Rio Grande do Sul

Uruguaiana

Corrientes

Assunção

Itaqui


São Borja

Mato Grosso

São Paulo

Paraná


Santa

Catarina


PARAGUAI

BOLÍVIA


Buenos Aires Montevidéu

Bela Vista

Ponta Porã

E. Cavalcante

Fonte: IstoÉ Brasil, 500 anos. São Paulo: Três, 1998.

Dossiê Guerra do Paraguai
Conheça os uniformes dos soldados e veja imagens, textos e outras informações sobre a guerra. Veja em:


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