História 8º ano



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. Acesso em: 29 out. 2014.

a) De acordo com o texto A, quais são as causas das desgraças públicas e da corrupção dos governos? E de acordo com o texto B?

b) O que foi exposto no texto A? E no texto B?

c) Com base no que você aprendeu neste capítulo, quem é a autora do texto B? Por que ela escreveu esse texto?

10. Nos séculos XVIII e XIX, os cafés eram pontos de encontro de revolucionários que se reuniam para discutir assuntos políticos. Leia o texto e, com base nele e em seus conhecimentos, responda às questões.

Nos cafés ia-se [...] para conversar, trocar ideias e participar das criações que surgiam nesse ambiente. Não podia ser diferente na França. Em Paris, um marco para a cidade foi a inauguração do Café Procope, em 1675, pelo siciliano Procópio Dei Coltelli. O luxuoso estabelecimento era ornamentado com enormes espelhos, ricas tapeçarias e lustres de cristal. Além de artistas de teatro, era comum encontrar em suas mesas de mármore escritores famosos como La Fontaine, Diderot, D’Alembert e Voltaire.

Nos tempos da Revolução Francesa, os cafés passaram a ser frequentados por muitos adeptos do pensamento iluminista. Há quem acredite que, se não existissem as cafeterias em Paris, provavelmente os revolucionários não teriam conseguido derrubar a Monarquia. Exagero ou não, conta-se que Danton, Marat e Robespierre se reuniam ao redor das mesas do Procope e de outro café chamado La Coupole, apontado como um dos favoritos de Voltaire.

Mais democráticos que os salões (que reuniam a nobreza e a elite pensante francesa) os cafés abrigavam a classe média, jornalistas e escritores iniciantes — e toda a efervescência e inquietação provocada pelas novas ideias. Com o conservadorismo das universidades e das igrejas, que contavam com constante censura e repressão, os cafés também serviram para disseminar as novas ideias no meio de estudantes e paroquianos.



Figura 29

Revolucionários discutindo assuntos políticos no Café Procope. Gravura de Jean-François Badoureau, cerca de 1789.

Jean-Francois Badoureau. c. 1789. Gravura colorida. Coleção particular. Foto: Roger-Viollet/Glow Images
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O processo que culminou com a independência dos Estados Unidos também nasceu em reuniões em estabelecimentos de café. Se a King’s Arms, aberta em 1696, em Nova Iorque, era frequentada por conservadores e oficiais ingleses, a Green Dragon Tavern, inaugurada em 1697, na Union Street, em Boston, era reduto de republicanos e intelectuais revolucionários, como John Adams, Paul Revere e outros que conspiravam contra a Inglaterra. Das discussões travadas nesse mesmo café saíram as ideias para boicotar a importação do chá da Inglaterra, protesto contra os impostos estabelecidos em 1773.

Erika Correa. Das lendas a historia. História Viva: temas brasileiros. São Paulo: Duetto, n. 1, s/d. p. 17. Edição Especial.

a) A inauguração do Café Procope foi um marco para a cidade de Paris. Em que ano ocorreu essa inauguração e como o autor do texto descreve esse café?

b) Cite os nomes de três filósofos iluministas que frequentavam os cafés parisienses.

c) Os três líderes da Revolução Francesa que são citados no texto eram de qual grupo político?

d) De acordo com o texto, que outra revolução do século XVIII foi discutida nas mesas dos cafés?

11. Observe a imagem a seguir.

Essa atividade favorece um trabalho articulado com Arte. Veja mais informações sobre como conduzir a atividade nas Orientações para o professor.



Figura 30

Uma alegoria da Revolução com um retrato de Jean-Jacques Rousseau, pintura de Nicolas Henri Jeaurat de Bertry, 1794. Na imagem constam os principais símbolos da Revolução Francesa.

Nicolas Henri Jeaurat de Bertry. 1794. Oleo sobre tela. 57 x 43 cm. Museu Carnavalet, Paris (Franca). Foto: White Images/PSA/Glow Images

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a) Associe cada número indicado na imagem com uma das descrições abaixo.

A bandeira francesa foi criada no século XVIII, na época da Revolução Francesa. Suas cores representam o povo (vermelho), o Poder Executivo (branco) e o Poder Legislativo (azul).

Formada pelos instrumentos de trabalho da população camponesa da Franca, a coluna contem quatro das virtudes indispensáveis aos revolucionários: forca, verdade, justiça, união.

Arvore da liberdade, um dos principais símbolos da Revolução Francesa.

Obelisco dedicado a Galileu, precursor do pensamento racional moderno e iluminista.

O barrete frígio vermelho, ou “gorro”, era usado pela população mais pobre da Franca e se transformou em um dos símbolos da Revolução e da liberdade.

Filósofo francês Jean-Jacques Rousseau, que em suas obras defendia a liberdade e igualdade. Muitos de seus princípios e de seus escritos serviram como inspiração para os revolucionários franceses.

Observando e iluminando os símbolos da Franca revolucionaria, o olho da razão faz referência aos ideais iluministas.

Instrumento utilizado para executar pessoas acusadas de serem contrarias a Revolução Francesa, a guilhotina e um símbolo do movimento revolucionário.

b) Após verificar o que cada elemento da imagem representa, produza um texto a respeito dessa pintura relacionando-a com o contexto da Revolução Francesa estudado no capítulo.

Estimule a autonomia na aprendizagem dos alunos solicitando-lhes que realizem a proposta da seção Refletindo sobre o capítulo. Explique-lhes que, caso não tenham compreendido alguma das afirmações, é importante que o professor seja informado para que possa retomar o conteúdo correspondente e sanar as deficiências na aprendizagem.



Refletindo sobre o capítulo

Agora que você finalizou o estudo deste capítulo, faça uma autoavaliação de seu aprendizado. Verifique se você compreende as afirmações a seguir.

• A Revolução Francesa representou a luta de grande parte da população francesa contra o Antigo Regime.

• A França foi o primeiro Estado absolutista a se tornar uma República, proclamada em 1792.

• Durante o processo revolucionário, os membros da Assembleia Nacional redigiram e publicaram a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

• No período em que os jacobinos lideraram a Convenção, eles aprovaram diversas medidas que beneficiaram a população pobre na França.

• Ao assumir o poder na França, Napoleão favoreceu a consolidação da burguesia francesa.

• Napoleão promoveu a elaboração do Código Napoleônico, a criação do Banco da França e a instituição do ensino público gratuito.

Após refletir sobre essas afirmações, converse com os colegas e o professor para certificar-se de que todos compreenderam o conteúdo trabalhado neste capítulo.
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capítulo 6 - A Revolução Industrial
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Veja nas Orientações para o professor algumas dicas, sugestões e/ou informações complementares para enriquecer o trabalho com os assuntos deste capítulo.



A Revolução Industrial teve início na Inglaterra no século XVIII e ocasionou grandes transformações sociais, políticas, econômicas e culturais na Europa. Muitos aspectos que podem ser observados na atualidade tiveram origem nessa época, como a mecanização do trabalho, o crescimento da industrialização e a formação da classe operária. Nesse capítulo, vamos estudar os principais fatores que impulsionaram a Revolução Industrial inglesa, assim como as consequências desse processo histórico.

Observe as imagens apresentadas nestas páginas e converse com os colegas sobre as questões a seguir.

Figura 1

Vista da cidade de Manchester, na Inglaterra, século XIX. Xilogravura de autoria desconhecida, 1850.

1850. Xilogravura. Coleção particular. Foto: Akg-Images/Latinstock

Figura 2

Reunião de trabalhadores grevistas em Londres, em favor de melhores condições de trabalho. Gravura de artista desconhecido publicada no jornal Illustrated London News, 1889.

1889. Gravura. Coleção particular. Foto: Illustrated London News Ltd/Mary Evans/Easypix

Aproveite as imagens e questões das páginas de abertura para ativar o conhecimento prévio dos alunos e estimular seu interesse pelos assuntos que serão desenvolvidos no capítulo. Faça a mediação do diálogo entre os alunos de maneira que todos participem expressando suas opiniões e respeitando as dos colegas.

Veja as respostas das questões nas Orientações para o professor.

A Que tipo de paisagem está em destaque na imagem ao lado? O que essa paisagem indica sobre a cidade representada?

B Observe a imagem acima. Qual é o papel assumido pelo homem em destaque na gravura? O que ele está fazendo?

C Você já viu notícias de greves ou movimentos parecidos com o representado acima? Qual é a importância desses movimentos? Comente.
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A Revolução Industrial

A Revolução Industrial transformou o modo tradicional de produção.



As manufaturas

Desde a Idade Média, a maior parte dos produtos manufaturados era feita por artesãos das corporações de ofício. Nos séculos XVI e XVII, em um contexto de expansão das atividades comerciais na Europa, a produção manufatureira entrou na fase do sistema doméstico. Nesse sistema, o artesão trabalhava em casa, auxiliado pela família, produzindo a encomenda de empresários que lhe forneciam matéria-prima e combinavam a realização de determinada tarefa em troca de um pagamento.

Cada artesão ficava encarregado de uma tarefa específica no processo de produção, deixando de ter o domínio integral da produção dos artigos manufaturados. A crescente dependência dos artesãos em relação ao capital dos empresários e a necessidade de produzir em larga escala levaram ao gradual agrupamento desses trabalhadores em oficinas de propriedade do empresário.

Figura 3

No sistema tradicional de produção de tecidos, a fiação era feita com a roda de fiar. Fotografia de roda de fiar do século XIX.

Séc. XIX. Coleção particular. Foto: Olemac/Shutterstock/Glow Images

O início da era industrial

No século XVIII, foram introduzidas importantes inovações tecnológicas na Inglaterra, como a má quina de fiar, a máquina a vapor e o tear mecânico. Essas inovações acabaram provocando grandes trans formações no modo de organização do trabalho e deram origem à Revolução Industrial.



Figura 4

Os melhoramentos nas máquinas a vapor, feitos por James Watt (1736-1819), foram fundamentais para o avanço da Revolução Industrial. Ao lado, máquina a vapor de James Watt. Xilogravura colorida à mão de autoria desconhecida, século XIX.

Séc. XIX. Xilogravura. Coleção particular. Foto: Granger/Glow Images
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Os impactos da industrialização

O tema dos impactos da industrialização favorece o trabalho com o tema ambiente.

Veja sugestões de como trabalhar esse tema nas Orientações para o professor.

Desde seu início, a Revolução Industrial passou a transformar rapidamente a vida das pessoas. Leia o texto a seguir.

No final do século XVIII, enquanto a revolução pela liberdade e igualdade acontecia na França e se propagava por toda a Europa, um tipo diferente de revolução, a revolução na indústria, transformava a vida dos [ingleses]. No século XIX, a Revolução Industrial difundiu-se pelos Estados Unidos e pelo continente europeu. [...]

Novas formas de energia, particularmente o vapor, substituíram a força animal e os músculos humanos. Descobriram-se maneiras melhores de obtenção e utilização de matérias-primas, e implantou-se uma nova forma de organizar a produção e os trabalhadores — a fábrica. No século XIX, a tecnologia avançou [...] com um ímpeto sem precedentes na história humana. A explosão resultante na produção e produtividade econômicas transformou a sociedade com uma velocidade surpreendente.

Marvin Perry. Civilização ocidental: uma história concisa. 3. ed. Trad. Waltensir Dutra; Silvana Vieira. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 352.

Figura 5

A mecanização da produção têxtil, como mostra essa imagem, substituiu progressivamente a forma tradicional de produção. O trabalho passou a ser feito ininterruptamente, com a ajuda de máquinas movidas a vapor. Xilogravura de autor desconhecido, cerca de 1840.

c. 1840. Xilogravura. Coleção particular. Foto: Akg-Images/Latinstock

Alguns fatos que marcaram a Revolução Industrial

Observe a linha do tempo a seguir.



Figura 6

1760 1770 1780 1790 1800 1810 1820 1830 1840 1850



1767

Invenção da spinning jenny, máquina de fiar que permitia ao artesão produzir 80 fios de uma só vez.



1837

Início do Cartismo, movimento que reivindicava melhores condições aos trabalhadores das fábricas.



1785

Tear mecânico. Esse invento contribuiu para a mecanização da tecelagem e a aplicação do motor a vapor na indústria.



1838

Elaboração da Carta do povo por uma associação de trabalhadores. Nesse documento eram reivindicados direitos políticos e trabalhistas.



1769

A máquina a vapor é aperfeiçoada por James Watt. O motor dessa máquina funcionava com energia gerada pela queima do carvão.



1824

Primeiros sindicatos legalizados. Essas associações de trabalhadores eram conhecidas como Trade Unions.



1811

Início do Ludismo, movimento de trabalhadores contra a mecanização do trabalho.



1848

Publicação da obra Mani festo Comunista, de Karl Marx.



1814

Invenção da locomotiva a vapor.


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A Inglaterra sai na frente

Vários fatores contribuíram para que a Inglaterra se tornasse pioneira na Revolução Industrial.



A acumulação de capitais

O acúmulo de capitais foi um dos principais motivos do pioneirismo inglês no processo de industrialização. A partir do século XVI, burgueses ingleses conseguiram acumular capitais, principalmente, por meio da exploração comercial nas colônias da América e da África e, também, das relações comerciais com outros Estados europeus.



Figura 7

Africanos escravizados colhem algodão em colônia inglesa na América do Norte. Ilustração de Raphael Tuck & Sons, 1908.

Raphael Tuck & Sons. 1908. Cartão-postal. Coleção particular. Foto: The Print Collector/Heritage Images/Glow Images

No século XVIII, a Inglaterra se consolidou como uma grande potência militar, dispondo de uma poderosa frota naval. Nessa época, o governo inglês aprovou leis que beneficiavam a burguesia, como a diminuição das taxas de juros sobre empréstimos bancários, o que estimulou os mais variados investimentos.

Assim, os burgueses ingleses puderam dispor de enorme capital, que foi direcionado para empreendimentos como a criação de fábricas, promovendo a industrialização em várias cidades inglesas.

Figura 8

Frota de navios ingleses em 1797. Aquarela de artista desconhecido, século XVIII.

Séc. XVIII. Aquarela. Museu Naval de Gênova (Itália). Foto: De Agostini/A. Dagli Orti/Getty Images
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Disponibilidade de mão de obra

Entre os séculos XVI e XVIII, burgueses ingleses realizaram os chamados cercamentos das terras comunais, transformando-as em grandes propriedades privadas. Essas propriedades passaram, então, a ser utilizadas para fins comerciais, principalmente com a formação de pastagens para a criação de carneiros. Esses animais forneciam a lã, matéria-prima essencial para as indústrias têxteis inglesas.

Sem ocupação no campo, milhares de famílias camponesas partiram para as cidades em busca de trabalho, e, como não havia emprego para todos, formou-se uma multidão de desempregados. Aproveitando-se da difícil situação em que se encontravam essas pessoas, os empresários burgueses passaram a contratá-las para trabalhar em suas fábricas como operários, pagando baixos salários. Sem outras opções, esses trabalhadores se sujeitavam a longas jornadas de trabalho em troca de uma pequena remuneração.

Figura 9

Trabalhadores desempregados realizam protesto em Londres, no final do século XIX. Gravura colorida à mão, autoria desconhecida, 1886.

1886. Gravura colorida. Coleção particular. Foto: Tarker/Corbis/Latinstock

Os recursos naturais

Outro fator determinante para a arrancada industrial da Inglaterra foi a abundância, em solo britânico, de recursos minerais fundamentais para a indústria, como o ferro e o carvão. O ferro foi essencial para o desenvolvimento da indústria pesada, que produzia ferrovias, locomotivas, peças e máquinas em geral. O carvão, por sua vez, tornou-se a mais importante fonte de energia, alimentando as máquinas a vapor que impulsionaram a industrialização.



Figura 10

Minério de ferro.

M.KhebraShutterstockGlow Images
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A sociedade se transforma

Com a Revolução Industrial, ocorreram mudanças profundas nos modos de vida da sociedade inglesa.



Mudanças na sociedade

A partir do início do século XIX, o processo de industrialização e urbanização acarretou profundas transformações na estrutura da sociedade inglesa.

Os que mais sofreram com o processo de adaptação ao novo ritmo de vida e trabalho foram os operários urbanos. As dificuldades de adaptação dessas pessoas aumentavam em razão das precárias condições de moradia e saneamento das cidades.

A nascente classe média urbana era formada por grupos ligados às atividades industriais, comerciais e financeiras e, também, por profissionais como advogados, médicos e professores. A classe média foi muito beneficiada pela Revolução Industrial.



Figura 11

Abrigo noturno em Londres. As nascentes cidades industriais não tinham infraestrutura para abrigar o grande fluxo de pessoas que vinha do campo. Gravura de autoria desconhecida, 1859.

Autor desconhecido. Gravura. Em: Illustrated Times. 1859. Coleção particular

Mudanças nas relações de trabalho

Com a Revolução Industrial, as relações de trabalho também sofreram profundas transformações. Os artesãos, que antes possuíam as matérias-primas e os instrumentos de trabalho, passaram à condição de trabalhadores assalariados, vendendo sua força de trabalho para os capitalistas, donos dos meios de produção e detentores dos lucros obtidos.

O artesão foi perdendo, assim, a autonomia da produção doméstica, que ele obtinha por meio de seu próprio trabalho, com a ajuda de alguns aprendizes ou de sua família. Essa transformação não se deu de forma imediata, pois, até a segunda metade do século XIX ainda existiam muitas produções domésticas artesanais, mas sua importância se tornou pequena se comparada à produção industrial mecanizada.
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A disciplina nas fábricas

O novo modo de produção requeria total submissão à disciplina da fábrica, impondo uma rotina monótona e regular. A divisão do trabalho e a mecanização da produção aumentavam os rendimentos do capitalista, ao mesmo tempo em que desqualificavam a atuação do trabalhador, impondo a ele a repetição de atividades cada vez mais simplificadas. Os salários permaneciam baixos e o risco de desemprego era constante.



A vida social dos operários

As condições de vida dos operários ingleses eram bastante difíceis. Por receberem baixos salários, eles eram obrigados a habitar moradias precárias. Além disso, o custo do transporte era muito alto, o que os forçava a morar em bairros precários próximos às fábricas, convivendo diariamente com a poluição.

Mesmo tendo uma rotina extenuante de trabalho, os operários encontravam tempo para o lazer, como ir às feiras, frequentar teatros e praticar esportes.

Nas feiras, as pessoas tocavam instrumentos musicais, cantavam, dançavam e jogavam cartas. No século XIX, surgiram vários teatros voltados para os membros das classes trabalhadoras, que passaram a frequentá-los nos momentos de folga. Havia também a prática de esportes, como a corrida, a luta de boxe e o futebol.



O futebol

Um dos esportes mais populares do mundo, o futebol — football, em inglês — surgiu na Inglaterra, na época da Revolução Industrial.

Inicialmente praticado apenas pela elite, o futebol passou também a fazer parte da vida dos operários ingleses a partir de meados do século XIX. Esse esporte teve suas regras institucionalizadas em 1863, com a criação da Football Association, um órgão formado por representantes dos times daquela época. Esse órgão estabeleceu as regras básicas do esporte, como o tamanho do campo, o número de jogadores e as penalidades.

Na Inglaterra, no final do século XIX, havia também mulheres que praticavam futebol. Em 1894, por exemplo, foi fundado em Londres o British Ladies’ Football Club. Após algumas décadas, as operárias formaram times femininos nas fábricas.



Figura 12

British Ladies’ Football Club. Fotografia de 1895.

1895. Coleção particular. Foto: Illustrated London News Ltd/Mary Evans/Easypix

Figura 13

Bola de futebol inglesa feita de couro e costurada à mão, século XIX.

Séc. XIX. Museu Nacional do Futebol, Manchester (Inglaterra). Foto: Bridgeman Images/Easypix
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O estilo de vida da burguesia

O contraste social presente nas cidades industrializadas era muito grande. Enquanto os trabalhadores da classe operária enfrentavam péssimas condições de vida, os donos das fábricas viviam em residências luxuosas e confortáveis, situadas em bairros distantes das fábricas.

O dia a dia de uma família burguesa era marcado por diversos compromissos sociais, como jantares, festas e passeios. Entre os compromissos mais frequentes estavam os serões, que eram reuniões privadas com música, danças e apresentações.

Os serões em família são frequentemente ocupados por jogos de cartas e dados. [...]

Os serões são um momento privilegiado para a música e o teatro de amadores. Entre amigos, não raro formam-se grupos de instrumentistas ou cantores que se encontram com regularidade, na casa de um ou de outro, principalmente na província, onde as diversões culturais são mais restritas [...].

Michelle Perrot. Os ritos da vida privada burguesa. In: Michelle Perrot (Dir.). História da Vida Privada 4: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. p. 210-2.

Esse livro consta na lista do PNBE de 2013.

O fantasma de Canterville
Adaptado por Sean Michael Wilson. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2012.
Esse clássico de Oscar Wilde, adaptado em história em quadrinhos, conta a história de uma família que se muda para uma típica mansão inglesa do século XIX. Leia e veja as diversas surpresas que essa família vai encontrar.

Figura 14

Burgueses de Londres dançam ao som do piano. Gravura em cobre colorida à mão por Isaac Robert Cruikshank e George Cruikshank, 1823.

Isaac Robert Cruikshank & George Cruikshank. 1823. Gravura. Coleção particular. Foto: Akg-Images/Florilegius/Latinstock

O avanço do capitalismo

A partir do desenvolvimento industrial inglês, o capitalismo se fortaleceu e tornou-se o sistema econômico predominante no país. Conforme a industrialização foi se desenvolvendo em outros países, o capitalismo também se fortaleceu, alterando a estrutura social, as relações de trabalho e o modo de vida das pessoas que viviam nesses países, especialmente daquelas que trabalhavam em atividades ligadas à indústria.


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Enquanto isso... na China

No início do século XIX, o Império Chinês passava por um período de estabilidade política e econômica. Sua indústria tradicional produzia, entre outros produtos, seda, fios de algodão, porcelana e chá.

Enquanto na Europa, e particularmente na Inglaterra, o processo de industrialização avançava, a China permanecia fechada ao mercado estrangeiro, restringindo o comércio com os ocidentais a algumas feitorias litorâneas na região de Cantão.

Os ingleses, que tinham um comércio fortemente estabelecido na Índia, desejavam abrir o mercado chinês para suas mercadorias, mas como a aceitação de seus produtos pelos chineses era baixa, passaram a se dedicar ao tráfico de ópio, cujo consumo se disseminou entre a população da China.



Ópio: substância extraída da planta chamada papoula e que produz um efeito analgésico e hipnótico em quem a consome.

Figura 15

A Morte carrega caixas de ópio com destino à China. Guerra do Ópio, ilustração de autoria desconhecida, 1899.

1899. Ilustração. Coleção particular. Foto: Akg-images/Latinstock

A reação do governo chinês foi imediata, primeiro proibindo o comércio do ópio e depois apreendendo a droga para destruição. Com isso, tiveram início os conflitos conhecidos como Guerras do Ópio, que duraram de 1839 a 1860.

Nesses conflitos, os ingleses saíram vencedores e os chineses tiveram que pagar pesadas indenizações e abrir seus principais portos ao comércio inglês. Começava, pela força, a abertura da China ao capitalismo ocidental.

Figura 16

Porto de Cantão, na China, durante as Guerras do Ópio. Gravura de John Ouchterlony, cerca de 1840.

John Ouchterlony. c. 1840. Gravura. Coleção particular. Foto: Everett Historical/Shutterstock/Glow Images
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Uma cidade industrial

Durante o século XIX, a industrialização favoreceu o crescimento urbano e o surgimento de cidades industriais na Inglaterra.



A cidade de Sheffield

Observe a imagem a seguir, que mostra aspectos de Sheffield, uma cidade industrial inglesa.



Figura 17

As igrejas da cidade eram frequentadas por quase toda a população. A religião predominante na Inglaterra era a anglicana.

A fumaça expelida pelas chaminés poluía o ar e tornava as condições de vida na cidade muito insalubres.

Os lampiões a gás eram utilizados para iluminar as ruas das cidades.

Na paisagem da cidade industrial permaneciam vários elementos do passado. A carroça, por exemplo, ainda era um meio de transporte muito utilizado.

As locomotivas, também conhecidas como “grandes cavalos a vapor”, eram um dos símbolos da indústria britânica. Em 1850 havia mais de 10 mil quilômetros de linhas férreas interligando as cidades inglesas.

Pelo canal fluvial chegavam embarcações trazendo matérias-primas de várias partes do mundo. Pelo mesmo canal saíam navios carregados de produtos industrializados.

Muitas vezes as moradias dos operários eram construídas pelos próprios industriais, próximas às fábricas. Essa proximidade, além de dispensar o gasto com o transporte, possibilitava aos patrões maior controle sobre a vida dos operários, mesmo fora dos horários de trabalho.

Autor desconhecido. Séc. XIX. Litografia colorida. Museu de Sheffield (Inglaterra). Foto: The Bridgeman Art Library/Keystone
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Investigando na prática

A produção têxtil inglesa: da manufatura para a fábrica

As intensas transformações sociais e econômicas ocorridas com a Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, acarretaram grandes mudanças no modo de produção de bens materiais, o qual passou de um sistema manufatureiro para um sistema fabril.

Do século XVI até o final do século XVIII, foi predominante na Inglaterra o modo de produção manufatureiro. Nesse sistema, apesar de o processo produtivo ser dividido entre mais de um trabalhador, a técnica de produção ainda era artesanal e se utilizava de ferramentas simples.

Veja, a seguir, uma gravura que representa uma manufatura inglesa.



Figura 18

William Hincks. Séc. XVIII. Gravura colorida. 38,3 x 44,7 cm. Coleção particular. Foto: liszt collection/Alamy/Latinstock

Na imagem foi representada uma manufatura de produção têxtil e as trabalhadoras estão realizando o processo de fiação da lã.

As artesãs trabalhavam de modo cooperativo e conheciam todas as etapas da produção da mercadoria.

A manufatura produzia para atender geralmente às necessidades de compradores locais.

A produção era realizada nas casas dos artesãos ou em pequenas oficinas, lugares onde ficavam instalados os equipamentos e estocadas as matérias-primas.

As máquinas eram rudimentares, usadas em processos simples e necessitavam da força humana.

O trabalho nas manufaturas, por ser em grande parte realizado em ambientes domésticos, era feito muitas vezes por membros de uma mesma família.

Veja nas Orientações para o professor subsídios para trabalhar essa seção com os alunos.
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Com as mudanças decorrentes da Revolução Industrial, se desenvolveram na Inglaterra grandes fábricas que se caracterizavam, sobretudo, pela introdução de máquinas nas etapas de produção. Essa nova forma de organização produtiva priorizava a especialização do trabalhador, a produção em larga escala, o menor custo e o atendimento a um mercado consumidor mais amplo.

Veja a imagem abaixo, que representa uma fábrica inglesa.

Figura 19

1870. Xilogravura. Coleção particular. Foto: Akg-Images/Latinstock

Veja as respostas das questões nas Orientações para o professor.

Agora é a sua vez!

a) Descreva a fábrica representada na imagem acima. Qual é a atividade produtiva que está sendo desenvolvida?

b) Como é estruturado o processo produtivo em um sistema fabril? Cite elementos da imagem em sua resposta.

c) Observe os ambientes de trabalho retratados nas duas imagens e caracterize cada um deles quanto ao espaço físico e às condições de trabalho.

d) Compare a imagem dessa página com a imagem da página anterior e produza um texto sobre a seguinte questão: o que diferencia as fábricas das manufaturas?

Faça seu texto com base no contexto da Revolução Industrial e suas transformações.


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A especialização do trabalho nas fábricas

Para aumentar sua lucratividade, os industriais buscaram organizar cada vez mais o sistema de trabalho fabril, acelerando o ritmo da produção e diminuindo, consequentemente, seu custo.

A organização do trabalho nas fábricas passou a impor uma rígida rotina aos operários, promovendo uma maior especialização do trabalho. Se antes um artesão conhecia todas as etapas da produção de um artigo, muitas vezes realizando sozinho cada uma delas, no sistema fabril o operário passou cada vez mais a executar a mesma tarefa repetidas vezes, especializando-se em uma única etapa da produção.

O texto a seguir aborda a visão do filósofo e economista Adam Smith sobre o sistema de trabalho fabril na Inglaterra durante o século XVIII.

Um homem estica o arame, outro o endireita, um terceiro corta-o, um quarto o aponta, um quinto o achata na extremidade em que ficará a cabeça; para fazer a cabeça são necessárias duas ou três operações diferentes; fabricá-lo é uma tarefa peculiar; branqueá-lo é outra; é uma verdadeira arte, também, espetá-los no papel... Vi pequenas fábricas dessas onde trabalhavam apenas dez homens, alguns deles realizando duas ou três operações diferentes. [Esses homens] podiam, quando se esforçavam, fabricar cerca de cinco quilos de alfinetes em um dia. Em um quilo de alfinetes há uns oito mil alfinetes de tamanho médio. Essas dez pessoas, portanto, poderiam ao todo produzir cerca de oitenta mil alfinetes em um dia... Mas se trabalhassem separadas e independentemente, com certeza cada qual não produziria vinte, talvez nenhum alfinete por dia...

Adam Smith. In: Robert Heilbroner. A história do pensamento econômico. 6. ed. Trad. Therezinha M. Deutsch; Sylvio Deutsch. São Paulo: Nova Cultural, 1996. p. 60-1. (Os economistas).



Figura 20

Adam Smith e a fábrica de alfinetes Cédula inglesa de 20 pounds, 2006.

2006. Cédula monetária. Coleção particular. Foto: Ivan VdovinAlamy/Latinstock

Explorando a imagem

Veja a resposta da questão nas Orientações para o professor.

• Nessa cédula, aparece uma frase em inglês que tem o seguinte significado: “A divisão do trabalho na indústria de alfinetes e o grande aumento de produção que ela resulta”. Observe a fábrica de alfinetes mostrada no detalhe acima e responda: a imagem representa adequadamente o significado da frase? Justifique sua resposta.
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O trabalho nas fábricas

Durante a Revolução Industrial, trabalhavam nas fábricas inglesas homens, mulheres e crianças.



O dia a dia do trabalhador

Os operários ingleses geralmente acordavam bem cedo, por volta das cinco horas da manhã, e iam trabalhar. Nas fábricas, eles operavam as máquinas e produziam grandes quantidades de produtos.

O cotidiano dos operários era muito cansativo. Eles chegavam a trabalhar até 16 horas por dia e não tinham direito a férias. O ambiente de trabalho era degradante, pois as fábricas eram escuras, úmidas e com pouca ventilação. Além disso, os operários eram sempre vigiados por um feitor. Era comum acontecerem acidentes de trabalho e, nesses casos, os operários não recebiam ajuda financeira ou médica.

A Lei dos Vadios

Desde o século XVI, na Inglaterra, foram aprovadas leis que proibiam o que era chamado de “vadiagem” pelas ruas das cidades. As pessoas consideradas vadias eram aquelas que perambulavam sem destino, os mendigos, os desempregados, os doentes.

Aqueles que eram encontrados nessas condições eram presos, podendo ser exilados e, em alguns casos, até condenados à morte.

Mulheres e crianças trabalhadoras

As mulheres formavam uma importante parcela da mão de obra industrial. No início do século XIX, cerca de metade dos trabalhadores das fábricas inglesas eram mulheres. As operárias não tinham direito à licença-maternidade e recebiam salários mais baixos que os dos homens.

Por conta da longa jornada de trabalho das mulheres, muitas crianças pequenas passavam a maior parte do tempo sozinhas ou sob os cuidados de algum irmão mais velho.

Quando atingiam a idade de nove anos, geralmente as crianças pobres começavam a trabalhar. Elas trabalhavam de 10 a 12 horas por dia e recebiam salários muito baixos. Era comum a ocorrência de acidentes de trabalho envolvendo as crianças que, por serem menores e mais frágeis, tinham dificuldade em operar as máquinas.



Oliver Twist
Direção de Roman Polanski, 2005.
Conheça nesse filme a história do menino Oliver Twist, que vive na Inglaterra no contexto da Revolução Industrial e passa por várias situações difíceis para sobreviver.

Figura 21

Menina trabalhando em fábrica de tijolos na Inglaterra. Gravura de artista desconhecido, 1871.

1871. Gravura. Coleção particular. Foto: Oxford Science Archive/Heritage Images/Glow Images
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Alternativas de organização social

No século XIX pensadores analisaram a sociedade europeia e propuseram diferentes formas de organização social e política.



Socialismo científico

Alguns intelectuais europeus do século XIX discordavam das condições de trabalho impostas aos trabalhadores (ou proletários) e aos povos colonizados. Entre esses intelectuais, estavam os alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), que propuseram uma nova maneira de organizar a sociedade baseada no socialismo científico, que também ficou conhecido como marxismo.



Figura 22

Marx (sentado) e Engels. Esculturas em bronze de Ludwig Engelhardt, 1986, localizada em Berlim, Alemanha. Fotografia de 2014.

Ludwig Engelhardt. 1986. Escultura em bronze. Marx-Engels Forum, Berlim (Alemanha). Foto: Ralf Siemieniec/Shutterstock/Glow Images

Durante a Revolução Industrial, os capitalistas, ou seja, os donos dos meios de produção, lucravam e enriqueciam com a exploração do trabalho dos proletários. Marx e Engels afirmavam que, para transformar essa realidade, seria necessário mudar a maneira como a sociedade estava organizada. Eles defendiam a extinção da propriedade privada e acreditavam que as fábricas deveriam pertencer àqueles que nelas produziam, ou seja, aos operários.



Propriedade privada: apropriação que alguém ou uma classe faz de uma coisa, podendo usá-la e dispor dela de modo exclusivo, de acordo com seus próprios interesses.

De acordo com o socialismo científico, a transformação da sociedade capitalista teria de ser feita pelos próprios proletários que, após tomarem consciência de sua condição, alcançariam o poder por meio de uma revolução. Eles, então, direcionariam as políticas do Estado para atender às suas necessidades, possibilitando a construção de uma sociedade socialista e igualitária.



As classes sociais

De acordo com Marx e Engels, a sociedade europeia do século XIX era composta basicamente por duas classes sociais: a dos capitalistas e a dos operários, isto é, a burguesia e o proletariado que, por possuírem interesses opostos, viviam em luta constante. Além dessas duas classes sociais, havia a classe média que, para esses filósofos, não tinha uma ideologia própria, associando-se ora à burguesia ora ao proletariado, de acordo com os interesses do momento.



Positivismo

Criado pelo filósofo francês Auguste Comte (1798-1857), o positivismo apresentava uma explicação sobre a história das sociedades. Para Comte, o desenvolvimento social deveria passar por três fases: a teológica, em que predominaria o poder de religiosos e militares; a metafísica, com a supremacia de filósofos e juristas; e, por fim, a positiva, que teria como pressuposto básico o conhecimento científico (ou positivo) de sociólogos e o poder econômico dos burgueses.

Comte considerava que a propriedade privada tinha uma função social importante para a organização do trabalho e não acreditava na possibilidade de sua extinção. Ele também considerava importante a conscientização dos operários de seu papel na sociedade industrial e a elevação de seu nível intelectual, o que seria possível por meio da educação. Desse modo, o positivismo propunha algumas mudanças na sociedade, mas não tinha como objetivo a revolução nem a igualdade social.
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Anarquismo

A palavra anarquia significa estar ou viver sem governo. Essa ideia, a partir de meados do século XIX, passou a configurar um dos princípios básicos de uma doutrina que afirmava que a autoridade não deveria emanar de uma instituição governamental, mas da própria sociedade e das relações entre os indivíduos.

Os anarquistas defendiam mudanças políticas, econômicas e morais, propondo a eliminação do Estado, do capitalismo e da Igreja, pois negavam a autoridade governamental, a propriedade privada e a moral religiosa da época.

Essa doutrina também afirmava que o Estado é fonte de grande parte dos problemas da sociedade e que existiriam formas alternativas de organização social que valorizariam as relações comunitárias. Os anarquistas acreditavam que a educação das pessoas era fundamental para a mudança social, pois só assim elas poderiam conhecer o mundo e as suas possibilidades de transformação.

Com relação ao trabalho, o anarquismo propunha a organização voluntária dos operários em comunidades autogestoras, em que a responsabilidade pela produção fosse dividida igualmente entre todos os trabalhadores.

Autogestão: quando uma empresa é dirigida pelos próprios funcionários.

Figura 23

O francês Pierre-Joseph Proudhon foi um dos principais pensadores anarquistas. Em sua obra O que é a propriedade?, publicada em 1840, ele aponta o que considera os problemas gerados pela propriedade privada e pelas instituições governamentais. É dele uma das frases mais impactantes do anarquismo: “A propriedade é um roubo”. Acima, fotografia de Proudhon tirada na França, cerca de 1865.

Félix Nadar. c. 1863. Óleo sobre fotografia (colorização posterior). Coleção particular. Foto: Granger/Glow Images

O sujeito na história

Mikhail Bakunin

Um dos grandes expoentes das ideias anarquistas foi Mikhail Alexandrovitch Bakunin (1814-1876), que pertencia a uma família russa de proprietários de terra. Quando era jovem, abandonou o serviço militar russo e foi estudar filosofia em Moscou e na Alemanha.

É conhecido, em grande parte, por suas ideias e atuações revolucionárias. Participou de várias insurreições populares, incluindo a Primavera dos Povos em Praga, no ano de 1848. Em uma de suas obras, ele expõe uma de suas principais ideias: “A futura organização da sociedade deveria ser realizada de baixo para cima, pela livre associação e união dos operários; [...] Só assim poderá ser estabelecida a liberdade e a felicidade geral da nova ordem [...]”.

Bakunin foi preso várias vezes e teve que se exilar em países como Estados Unidos e Japão. Em 1876, após décadas de ativismo político e com a saúde debilitada, ele faleceu. No entanto, suas ideias coletivistas e sua atuação nos movimentos populares do final do século XIX continuam tendo grande importância para o movimento anarquista.



Figura 24

Mikhail Alexandrovitch Bakunin. Pintura sobre fotografia de Félix Nadar, cerca de 1863.

c. 1865. Coleção particular. Foto: adoc-photos/Corbis/Latinstock
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A luta dos trabalhadores

Os operários ingleses do século XIX não aceitaram passivamente as condições de trabalho às quais eram submetidos.



A divulgação das ideias

Os operários ingleses entravam em contato com as ideias socialistas e anarquistas por meio de jornais e panfletos que eram distribuídos clandestinamente, pois eram proibidos.

Além de publicar artigos que criticavam a exploração do trabalho na fábrica, os jornais e panfletos denunciavam as condições de vida precárias dos trabalhadores e ainda informavam sobre as reivindicações do proletariado.

Figura 25

Jornal clandestino noticia as reivindicações dos trabalhadores navais da Inglaterra, 1825.

1825. Jornal. Coleção particular. Foto: British Library/SPL/Latinstock

As greves e os motins

Inconformados com as injustiças a que estavam submetidos, muitos operários manifestaram seu descontentamento por meio de greves e motins.

No início do século XIX, por exemplo, aconteceu o movimento ludista, que era formado por grupos de operários que invadiam oficinas têxteis e quebravam todo o maquinário como forma de protesto.

Outras vezes a revolta era provocada pela fome: por não ter condições financeiras para comprar os alimentos, os operários organizavam motins e saqueavam mercearias e armazéns.



A organização sindical

Como forma de resistência à exploração capitalista, os operários fabris se organizaram e formaram associações de trabalhadores. Essas associações, conhecidas como Trade Unions, eram formadas por diferentes profissionais, como sapateiros, pedreiros, mineiros, mecânicos, tecelões, livreiros e carpinteiros.

As Trade Unions procuravam organizar as reivindicações de grupos de profissionais especializados e, para isso, esses profissionais contribuíam com uma pequena quantia mensal. Essas associações foram se fortalecendo ao longo do tempo e deram origem aos sindicatos de trabalhadores.

Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT)

Criada em Londres no ano de 1864, a AIT durou até o ano de 1877 e tinha o objetivo de lutar pelas reivindicações dos trabalhadores de todo o mundo, tais como a diminuição da jornada de trabalho e o aumento dos salários. De acordo com o estatuto da associação, ficou estabelecida a cooperação mútua de todos os trabalhadores pela causa proletária.


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As conquistas dos trabalhadores

Organizados em associações, os operários passaram a reivindicar melhores condições de trabalho. A partir da década de 1830, eles conquistaram seus primeiros direitos trabalhistas.

Nessa década, os operários conseguiram a aprovação de leis que regulamentavam o trabalho de crianças e jovens. Essas leis estipulavam, por exemplo, que crianças de 9 a 13 anos de idade trabalhariam no máximo 6 horas diárias. Na década seguinte, outra lei estabelecia a redução da jornada de trabalho das mulheres e, por volta de 1850, os homens também conseguiram reduzir sua jornada.

Além da diminuição da carga horária, as novas leis instituíram horários de pausa para que os operários pudessem fazer suas refeições e descansar entre os períodos de trabalho.



A Carta do Povo

A Carta do Povo foi um manifesto enviado ao Parlamento inglês, no ano de 1838, em nome do proletariado da Inglaterra. Nesse manifesto, os cartistas, ou seja, os operários ligados àquele movimento, reivindicavam o direito de voto de todos os homens maiores de 21 anos, eleições anuais para o Parlamento, pagamento de salários dos parlamentares, voto secreto, fim do critério censitário para se candidatar ao Parlamento e igualdade entre os distritos eleitorais.



Figura 26

Fac-símile da Carta do Povo, 1838.

Working Mens Association. 1838. Biblioteca Britânica, Londres (Inglaterra). Foto: Art Images Archive/Glow Images

Censitário: critério que exige uma determinada renda para participar do processo eleitoral.

O sujeito na história

Susannah Wright

Susannah Wright foi uma operária inglesa que trabalhava costurando rendas em uma fábrica de tecidos da cidade de Nottingham, na Inglaterra. Em 1822, ela foi flagrada vendendo jornais subversivos que criticavam a sociedade industrializada e, em decorrência disso, foi a julgamento. Por não ter condições de pagar um advogado, ela mesma apresentou sua defesa ao juiz. Durante sua defesa, ela



Subversivo: que expressa ideias e opiniões buscando a transformação radical da ordem estabelecida.

[...] solicitou permissão para se retirar e amamentar o nenê que estava chorando. Foi-lhe concedida, e ficou ausente do Tribunal por vinte minutos. [Ao voltar], foi aplaudida e aclamada em altas vozes por milhares de pessoas reunidas, todas a encorajá-la a ter ânimo e perseverar.

E. P. Thompson. A formação da classe operária inglesa. 3. ed. Trad. Denise Bottmann. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. v. 3. p. 325-6. (Oficinas da história).

Apesar do apoio popular, Susannah foi condenada pelo júri. Acompanhada de seu bebê de apenas seis meses de vida, ela foi presa na cadeia da cidade.


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Explorando o tema

Veja nas Orientações para o professor subsídios para trabalhar essa seção com os alunos.



As mudanças na percepção da passagem do tempo

Na atualidade, nossas vidas e atividades cotidianas estão profundamente relacionadas ao ritmo do relógio. No entanto, o modo como os seres humanos percebem e interpretam o tempo se transformou ao longo da história. Uma das mudanças mais significativas em relação à percepção do tempo ocorreu durante a Revolução Industrial.



O “tempo da natureza”

Antes da Revolução Industrial, a vida e as atividades realizadas no cotidiano eram orientadas pelo tempo da natureza, das estações, das atividades ligadas ao plantio e à colheita.

As pessoas contavam e mediam o tempo baseando-se nos processos familiares e nos ciclos de trabalho. Assim, o cotidiano da vida no campo era orientado pelas tarefas domésticas, e o trabalho seguia ritmos “naturais”.

Não havia um ritmo regular de trabalho. Dessa forma, o dia do trabalhador poderia ser prolongado ou reduzido, de acordo com a atividade que deveria ser realizada.



Figura 27

Relógio usado na Inglaterra, no século XIX.

Paul Daniels/Shutterstock/Glow Images

O tempo e a fábrica

A separação entre trabalho e cotidiano passou a ser mais sensível a partir da sincronização do tempo do relógio e do ritmo das fábricas durante a Revolução Industrial. Aos poucos, a percepção do tempo passou a se uniformizar. Leia o texto a seguir.

Antes do aparecimento das fábricas, [...] o relógio não era necessário. Porém, quando as relações de trabalho se transformaram, mudou também a orientação que as pessoas tinham com relação ao tempo. O assalariamento gerou a necessidade de controlar a produtividade, ou seja, de criar uma jornada de trabalho. Simultaneamente, começaram a se difundir os relógios.

Edgar de Decca; Cristina Meneguello. Fábricas e homens: a Revolução Industrial e o cotidiano dos trabalhadores. São Paulo: Atual, 1999. p. 34-5. (História geral em documentos).



Figura 28

Para atender à demanda, foram instaladas na Inglaterra várias fábricas de relógio. Nessa imagem, vemos operários fabricando relógios no século XIX. Note que o ritmo de trabalho desses operários também é ditado pelo relógio, afixado na parede ao fundo. Litogravura, cerca de 1851.

c. 1851. Litografia. Coleção particular. Foto: Corbis/Latinstock
Página 147

Figura 29

Na época da Revolução Industrial, o cotidiano dos moradores das grandes cidades inglesas também passou a ser regulado pelo relógio. Acima, relógio mecânico em uma movimentada rua de Londres. Gravura de 1816.

1816. Gravura. Coleção particular. Foto: The Print Collector/Heritage Images/Glow Images

Tempo, trabalho e disciplina

Como forma de aumentar a disciplina e também a produtividade, foram criados diversos mecanismos para combater o ócio e melhorar o controle do tempo dos trabalhadores. Leia o texto a seguir.

Essa medição incorpora uma relação simples. Aqueles que são contratados experienciam uma distinção entre o tempo do empregador e o seu “próprio” tempo. E o empregador deve usar o tempo de sua mão de obra e cuidar para que não seja desperdiçado: o que predomina não é a tarefa, mas o valor do tempo quando reduzido a dinheiro. O tempo agora é moeda: ninguém passa o tempo, e sim o gasta.

E. P. Thompson. Costumes em comum. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 272.



Figura 30

Fotografia de trabalhador registrando em um relógio de ponto o início de seu turno, na Inglaterra, década de 1950.

Fotomontagem de Camila Ferreira formada pelas imagens Daily Herald Archive/SSPL/Getty Images e Davor Ratkovic/Shutterstock/Glow Images

a) Como as pessoas percebiam a passagem do tempo no chamado “tempo da natureza”?

b) Após as transformações ocorridas durante a Revolução Industrial, o que mudou na percepção de passagem do tempo das pessoas? Produza um texto explicando sua resposta.

Veja as respostas das questões nas Orientações para o professor.


Página 148

Atividades

Veja as respostas das atividades nas Orientações para o professor.



Exercícios de compreensão

1. Explique o que eram as manufaturas.

2. Por que a Inglaterra foi pioneira no processo de industrialização?

3. Como era o dia a dia e as condições de trabalho dos operários e operárias nas fábricas inglesas no início do século XIX?

4. Escreva um pequeno texto comentando as principais ideias de Karl Marx.

5. Explique com suas palavras o que é anarquismo.

6. O que foi o movimento ludista?

7. O que eram as Trade Unions?

8. Cite as principais conquistas dos trabalhadores ingleses a partir da década de 1830.

9. Quem foram os cartistas? O que eles reivindicavam?

10. Explique por que o trabalho mecanizado nas fábricas alterou a relação dos trabalhadores com o tempo.

Expandindo o conteúdo

11. Leia o texto e observe as imagens a seguir.

A arte é uma forma de expressão que permite investigar a cultura e a visão de mundo das pessoas de uma determinada sociedade e época.

Nas últimas décadas do século XVIII e na primeira metade do século XIX, o estilo artístico predominante na Europa foi o Romantismo que, em oposição ao pensamento iluminista, valorizava as emoções e a imaginação. Os românticos combatiam o racionalismo, pois eles acreditavam que a criatividade e a liberdade de pensamento das pessoas eram limitadas pelo excessivo uso da razão. Nas pinturas da época, eram comuns a dramaticidade e a idealização da imagem pintada, pois os artistas geralmente valorizavam a beleza do cenário e das pessoas retratadas. Heróis e deuses frequentemente eram representados nessas pinturas.

Já na segunda metade do século XIX, em meio às agitações causadas pela Revolução Industrial, surgiu na Europa uma outra tendência artística: o Realismo. Os artistas do Realismo buscavam representar a realidade das pessoas, dedicando-se à objetividade da cena pintada. Esses pintores não se preocupavam em valorizar a beleza das imagens representadas, mas buscavam aproximar ao máximo a pintura da realidade. O pintor realista Gustave Courbet, por exemplo, afirmava: “Eu não posso pintar um anjo, porque nunca vi nenhum”. Os realistas pretendiam fazer uma arte militante, capaz de despertar a consciência do observador para a difícil situação das camadas desfavorecidas da sociedade.

Texto dos autores.
Página 149

Figura 31

A

Alexandre III da Escócia resgatado da fúria de um cervo pela intripidez de Colin Fitzgerard, pintura de Benjamin West, 1786.



Benjamin West. 1786. Óleo sobre tela. 366 x 521 cm. Galeria Nacional da Escócia, Edimburgo (Escócia)

Figura 32

B

Os quebradores de pedras, pintura de Gustave Courbet, 1849.

Gustave Courbet. 1849. Óleo sobre tela. 159 x 259 cm. Galeria dos Novos Mestres, Dresden (Alemanha). Foto: Akg_images/Latinstock

a) Aponte as principais diferenças entre a pintura A e a pintura B, comparando, por exemplo, os temas escolhidos, as cores, o estilo, as roupas e a mensagem que você acredita ser passada por cada uma delas.

b) Qual das duas pinturas valoriza as emoções e a imaginação? Qual denuncia as difíceis condições de vida das camadas desfavorecidas?

c) Qual é o estilo artístico da pintura A? E o da pintura B? Justifique.

d) Converse com seus colegas sobre a arte nos dias de hoje. Discutam se vocês acham que ela é capaz de transmitir as preocupações e os anseios das camadas desfavorecidas da sociedade. Depois, elaborem um texto coletivo apresentando as opiniões de vocês.
Página 150

12. O texto a seguir apresenta informações sobre o trabalho infantil nos séculos XVIII e XIX. Leia-o.

[...] Embora o trabalho infantil seja constante na história da humanidade, ganhou evidência a partir da Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX.

Segundo o historiador [inglês Edward Thompson], na Inglaterra, por exemplo, houve uma intensificação drástica da exploração do trabalho de crianças entre 1780 e 1840, período em que as transformações na produção estavam em curso, com a introdução do sistema de fábrica. Crianças trabalhavam nas minas de carvão e nas fábricas, “(...) quase todas doentias, franzinas, frágeis, além de andarem descalças e malvestidas. Muitas não aparentavam ter mais de 7 anos”, escreveu um médico, sobre as que trabalhavam em uma fábrica em Manchester.

As jornadas eram longas, tanto quanto as dos adultos, variando de 12 a 15 horas diárias. Os salários eram muito baixos, apenas um complemento para a pequena renda familiar; e as fábricas, sujas, escuras, malventiladas.

Embora o trabalho infantil não fosse novidade já nessa época, segundo Thompson [...] a diferença entre o que era antes realizado, no âmbito familiar, e o sistema fabril, é que este último herdou as piores feições do sistema doméstico, numa situação em que não existiam as compensações do lar, utilizando o trabalho de crianças pobres, explorando-as com brutalidade tenaz. [...]

[Porém], os anos de 1830 a 1840 foram de intensa agitação operária pela melhoria das condições de trabalho e redução da jornada, tanto dos adultos quanto das crianças. Comitês pela Redução da Jornada foram criados, [e o] movimento de apoio às crianças operárias cresceu e ganhou adeptos em outros setores da sociedade. [...]

Organização Internacional do Trabalho. Combatendo o trabalho infantil: guia para educadores. Brasília: IPEC, 2001. p. 29.

Essa atividade favorece um trabalho articulado com Sociologia.

Veja mais informações sobre como conduzir a atividade nas Orientações para o professor.

a) Em que época a exploração do trabalho infantil foi intensificada? Por quê?

b) Como era o trabalho infantil na época da Revolução Industrial?

c) O que os operários ingleses do século XIX fizeram para mudar as duras condições de trabalho, tanto das crianças quanto dos adultos?

d) O trabalho infantil ainda é uma realidade em muitos países do mundo, inclusive no Brasil. Em sua opinião, quais atitudes podem ser tomadas para combater o trabalho infantil em nosso país atualmente?

Passado e presente

13. Leia o texto a seguir.

A arrancada industrial teve início na Inglaterra por volta de [1780]. Deu origem às fábricas, primeiras unidades produtivas, inicialmente voltadas para a produção de tecidos de algodão e de lã. Cem anos depois, navios a vapor levavam essas manufaturas inglesas a todo o planeta, enquanto as fábricas da Alemanha, da França e dos Estados Unidos entravam na corrida pelos mercados mundiais. A partir da década de 1850, com a chegada do petróleo e da eletricidade, o mundo moderno começa a se configurar.


Página 151

A outra face do crescimento industrial foi a degradação do meio ambiente, também em grande escala. Os resíduos do carvão, que movia as máquinas a vapor, dos metais e de outras substâncias eram simplesmente descartados na água, no ar e no solo, sem considerar os possíveis resultados de tais práticas. Hoje sentimos na pele os efeitos dessa inconsequência, com os altos níveis de poluição associados ao carvão, ao petróleo e à eletricidade.

Quase 90% de toda a energia gerada no mundo provém de três combustíveis fósseis: carvão, petróleo e gás natural. O carvão, de uso mais antigo, é mais empregado atualmente em países asiáticos, como a China, onde 70% da energia gerada resultam da queima desse combustível. Além de estimular, juntamente com o petróleo, o aquecimento planetário, o carvão contribui diretamente para as [chuvas] com alta concentração de ácidos em sua composição. [...] Outros danos ambientais resultam da poluição das águas e do solo, nas proximidades das minas de carvão. Além disso, o homem destruiu florestas inteiras para obter carvão vegetal e lenha. O desmatamento tornou os rios mais vulneráveis à erosão. [...]

As fábricas e a poluição ambiental. Nova Escola. São Paulo: Abril, ed. 163, fascículo 3, jun./jul. 2003. Encarte Especial Meio Ambiente – Conhecer para preservar. Extraído do site:


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