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ARITMÉTICA ANTIGA ATRAVÉS DE ARTEFATOS: UMA PROPOSTA DIDÁTICA
Rosalba
Lopes de Oliveira
14
lrosalba@ufrnet.br
Bernadete Morey
15
bernadetemorey@interjato.com.br
Resumo
: Propõe-se aqui, para o Curso Normal Superior (que forma professores que atuam na Educação
Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental) o uso História da Matemática como recurso pedagógico. A
História da Matemática é envolvida aqui através de atividades estruturadas conforme concepções
desenvolvidas e implementadas em estudos de mestrado e doutorado nos anos recentes no Rio Grande do
Norte. As atividades serão desenvolvidas não apenas com lápis e papel, mas contarão com o auxílio de
artefatos, que para nós, serão modelos de objetos originários das antigas civilizações que possam ser
explorados matematicamente. Podemos citar alguns destes modelos: trecho de um papiro, tablete
mesopotâmico, inscrição comemorativa, um monumento.
Introdução
O processo de formação dos alunos que fazem parte do Curso Normal Superior,
oferecido pelo
Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy – IFESP, em Natal/RN, pretende desenvolver
habilidades e capacidades de ressignificar a prática docente nas escolas públicas desta capital. Nesta
perspectiva, a preocupação maior é de contribuir com o professor em conhecer melhor o processo de
aprender e ensinar.
Os alunos desse curso atuam na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental, com
um tempo de docência considerável, apresentando dificuldades em leitura e escrita.
Esses professores, em sua maioria, apresentam lacunas em sua formação de temas ligados a
conhecimentos
gerais e, em especial, ao conhecimento matemático, desenvolvendo aversão e medo desta
disciplina, considerado, pela maioria, de difícil compreensão. Esta forma de pensar é traduzida na sua ação
docente, que transmitem esses medos para seus alunos que começam a ver na matemática uma forma de
classificá-los como capazes ou não de aprendê-la.
As limitações desses professores no domínio do saber matemático e nos métodos de ensino dessa
disciplina, nos fez buscar alternativas para melhorar essa situação, procurando motivar o professor a utilizar
a História da Matemática, como recurso para ensino e aprendizagem dos conteúdos matemáticos. Faz parte
desta proposta a construção de artefatos, por
parte do professor e do aluno, que possam contribuir para
compreensão do conteúdo que está sendo estudado.
Esperamos assim, fazer com que o professor possa se sentir capaz para criar, pesquisar e refletir
sobre o que foi construído e debatido em sala de aula, procurando motivar o aluno a participar da
construção do saber.
14
Professora do Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy – IFESP/RN.
15
Professora do Departemento de Matemática e dos programas PPGECNM/CCET e PPGEd/CCSA (UFRN)
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As atividades como eixo norteador da proposta
Pesquisas realizadas no campo da Educação Matemática no Brasil e no mundo apontam para a
necessidade de mudanças na forma de ensinar e aprender Matemática a fim de atender as novas
exigências da sociedade vigente. Sabemos o quanto a Matemática tem contribuído com o desenvolvimento
desta sociedade e, dessa forma, como nos afirma Onuchic e Allevato (2004, p. 213), “A necessidade de se
‘entender’ e ‘ser capaz’ de usar Matemática na vida diária e nos locais de trabalho nunca foi tão grande.
Muitos esforços estão sendo feitos para tornar o ensino da Matemática mais eficiente. É preciso que muito
mais gente saiba Matemática e a saiba bem”.
Pensando assim, vários pesquisadores que atuam na
formação de professores de Matemática no Rio Grande do Norte, buscam alternativas para transformar o
ensino da Matemática propondo estratégias em que o processo de ensino e aprendizagem, desta disciplina,
possa envolver tanto o aluno, como o professor e o saber matemático.
A idéia central, na forma de abordar os conteúdos matemáticos proposto
por estes pesquisadores
foi o trabalho com atividades de ensino, em que o aprender fazendo é essencial nesta proposta.
Fizemos uma pesquisa bibliográfica em alguns livros, revistas, dissertação de mestrado e teses de
doutorado, publicados e defendidos por esses pesquisadores, como forma de nortear a construção do
conceito de atividade que está presente nas situações de ensino elaboradas por estes atores que fazem a
pesquisa no RN. Devemos pontuar que este trabalho é parte integrante do projeto
de tese submetido ao
Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
John Fossa no seu livro Ensaios sobre a Educação Matemática (2001, p. 79) ressalta que:
[...] atividades bem estruturadas e usadas com consistência e criatividade podem ser
um instrumento poderoso na aquisição de conceitos matemáticos. As referidas
atividades deveriam utilizar materiais a serem manipulados pelos próprios alunos,
além de conter componentes lúdicos, orais e simbólicos. E, finalmente, deveriam ser
seqüenciadas de maneira apropriada.
O autor acrescenta ainda que:
[...] a atividade fica completa no sentido de estar munida dos três tipos de
representações dos conceitos nela desenvolvidos: uma representação
física
(os
materiais manipulativos), uma representação
oral
(a discussão no grupo e, se for o
caso, a apresentação dos resultados ao professor e/ou outros colegas), e uma
representação
simbólica
(o registro por escrito).
Para o autor, atividade é “[...] uma das maneiras mais eficazes de ensinar matemática. (...) um
instrumento compreensivo de instrução.” (2001, p. 59)
E assim, podemos destacar que na visão de Fossa, atividade é
um instrumento de ensino,
organizada de forma seqüencial, que permite a participação ativa do aluno na construção do seu
conhecimento, elaboradas de forma criativa, tendo em vista a motivação para que o aluno sinta interesse
em desenvolvê-las. Nesta perspectiva, o papel do professor é significativo, visto que é ele que deve ter a
capacidade de criar e orientar todo o processo de ensino e aprendizagem da matemática.
Com esse entendimento a idéia de atividade proposta pelo autor leva em consideração: o
desenvolvimento da curiosidade e da criatividade do aluno, quando propõe o trabalho em grupo;
propicia