95
momento de construção do
conhecimento, tendo em vista que o aluno aprende a partir da participação
direta da experiência proposta; e finalmente, quando o aluno registra, tem mais possibilidade de explorar e
levantar hipóteses que conduz a um aprofundamento do conceito estudado. Isto nos mostra que trabalhar
com atividade proporciona também o desenvolvimento de competências tais como:
a capacidade de
organizar seus registros, de oralizá-los utilizando argumentos consistentes, o que facilita a sua atuação no
enfrentamento de situações fora do espaço escolar.
Tomemos a seguir os estudos realizados por Mendes (2001) que aborda a idéia de utilização de
atividades históricas na aprendizagem de Trigonometria através de redescoberta.
O autor referencia que o seu trabalho:
[...] tem uma preocupação maior com o ato cotidiano de ensinar-aprender e considera
que a historia deve ser utilizada na elaboração e execução de atividades voltadas à
construção de noções básicas de tópicos matemáticos, pois somente a partir de uma
orientação sólida a esse respeito pode-se continuar a busca da compreensão das
propriedades, dos teoremas e das aplicações da matemática na solução de
problemas que exijam do aluno algum conhecimento desse assunto. (2001. p. 56)
Para o autor, a idéia de utilizar atividades de redescoberta como estratégias
de ensino e
aprendizagem da matemática está alicerçada na compreensão de que:
[...] pressupõe uma mútua colaboração entre professor e aluno durante o ato de
construção do saber, já que a característica essencial desse modo de encaminhar o
ensino está no fato de que os tópicos a serem aprendidos estão para ser
(re)descobertos pelo próprio aluno durante o processo de busca a que é conduzido
pelo professor até que eles sejam incorporados à estrutura cognitiva do aprendiz.
(2001, p. 59)
Reforça ainda que o método da redescoberta sugere a utilização de elementos aprendidos agindo
em outras situações que exigem a participação
efetiva do aluno, uma vez que “[...] a base cognitiva é
centrada no conhecimento prévio do aluno e o processo de busca e seleção é determinado pelas condições
em que se aprende.”
A proposta utilizada por Mendes (2001) de desenvolver atividades de redescoberta no ensino e na
aprendizagem de tópicos da Trigonometria, foi baseada nos estudos de Fossa (1998), Henning (1988),
Ferreira et al (1992) e Dockweiler (1996) citados pelo autor no seu livro “O uso da História no Ensino da
Matemática: reflexões teóricas e experiências”.
Por fim, o autor esclarece que o trabalho com atividades possibilita a condução da aprendizagem do
aluno, na medida em que:
[...] devemos orientá-lo para que ele vá se desenvolvendo numa seqüência gradual,
sempre partindo das experiências mais concretas e/ou reais, passando por uma
experiência semi-concreta que exija dele as primeiras representações simbólicas –
através de desenhos, expressões verbais ou até as primeiras sentenças
96
matemáticas. Ao final tornar-se-á mais simples conduzi-lo a fase das reapresentações
totalmente formais, isto é, ao alcance das abstrações.
Esta forma de conceber o uso de atividades na sala de aula apresenta as mesmas características
defendidas por Fossa, quando enaltece a importância da seqüênciação na elaboração
das atividades, com
vista a participação do aluno, inicialmente, em situações concretas que serão ampliadas para as semi-
concretas que poderão ser comunicadas oralmente,
partindo em seguida, para a representação simbólica
da atividade. Dessa maneira, o professor está propiciando momento de discussão que estimule a
organização mental das idéias desenvolvidas na atividade.
Para Liliane Santos Gutierre (dissertação de mestrado), atividade é uma estratégia metodológica
que visa o desenvolvimento de um determinado conteúdo matemático, de forma seqüencial, para que o
aluno possa construir conceitos. “Tal seqüência enfatiza conceitos e busca proporcionar ao aluno uma
interação entre esses conceitos e a História da Matemática, a fim de que
ele os adquira de maneira
compreensiva” (2003, p. 16). Vale salientar que a pesquisadora desenvolveu o trabalho sobre os métodos
de resolução de equação utilizando a História da Matemática como fonte motivadora para o ensino e
aprendizagem deste referido conteúdo.
Diz Gutierre (2003, p. 32) que o educador:
[...] deve procurar desenvolver um ensino de Matemática compreensivo para o aluno,
através de, por exemplo, atividades estruturadas que envolvam a História da
Matemática. Essas atividades podem ser utilizadas de forma manipulativa, isto é,
usufruindo o que Fossa nomeou de uso manipulativo da História da Matemática. Pata
tanto, é necessário utilizar as atividades como um instrumento compreensivo de
instrução e não simplesmente como um mecanismo de motivação.
Gutierre (2003, p. 36) explica que as atividades construídas no seu
trabalho tinham como eixo
norteador, “[...] promover a atividade mental construtiva do aluno ajudando-o a elaborar significados
adequados em torno dos conteúdos que configuram as atividades elaboradas [...]”. Daí a necessidade de
definir como sustentação teórica, para o seu trabalho, o que está posto na abordagem construtivista, que
considera o aluno como um ser ativo no processo de construção do conhecimento e
o professor como
construtor de situações que permitam ao aluno construir o seu saber.
Ainda, esclarece a idéia de que essa abordagem metodológica apresenta como características
principais:
[...] desafiá-los em termos de estratégias do pensamento, através de uma aula
dinâmica, oferecendo-lhes recursos pedagógicos através das atividades elaboradas
que favoreçam a reconstrução e apropriação dos conhecimentos. Queremos que o
aluno construa respostas coerentes no desenvolvimento das atividades,
respostas
precisas, evoluindo em termos de hipóteses formuladas a respeito do estudo
proposto. É nesse momento que utilizamos elementos de uma abordagem
construtivista de ensino-aprendizagem. (2003, p. 37)