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Os conteúdos teóricos eram apresentados e seguidos de exercícios propostos,
que em sua maioria,
exigiam raciocínio lógico para sua resolução a partir de associações feitas com a teoria abordada.
Muitos dos assuntos abordados de forma prática eram estudados pelo Sistema 5, um método de
estudo de violão/guitarra desenvolvido pelo renomado professor Mozart de Mello (REVISTA GUITAR
CLASS, 2001), que consiste na divisão do braço/escala do instrumento em cinco regiões distintas, para
efeito de estudo de todo e qualquer assunto.
Assim, em cada uma das 5 regiões do braço, o estudante/músico
pode trabalhar qualquer
assunto/tópico musical, isto é, o aluno pode formar qualquer intervalo de notas, por conseqüência qualquer
acorde, e também qualquer escala, assim como qualquer dos Campos Harmônicos em qualquer das 12
tonalidades existentes, independentemente da variedade de nomenclatura entre as mesma. Além disso,
estuda-se qualquer assunto, interligando as 5 regiões, o que aumenta ainda mais o leque de possibilidades
sonoras para o estudante.
Mesmo trabalhando de
forma aplicada ao instrumento, os assuntos evocavam as teorias que os
fundamentavam e ao mesmo tempo, procuravam desenvolver no aluno a visualização no instrumento de
notas, acordes, escalas, mesmo sem sua execução, bem como a percepção auditiva, a percepção táctil e a
motricidade do indivíduo. Nessa fase de assimilação, o estudo dos tópicos abordados fazia associações
dos assuntos com tópicos matemáticos como simetria, usada no estudo de música pelo já citado Sistema 5,
sistema esse fundamentado na lógica matemática.
Os exercícios de desenvolvimento motriz eram apresentados aos
alunos da forma simples e
combinados entre a mão esquerda e a direita do aluno.
Os dedos da mão esquerda eram associados aos algarismos 1,2,3 e 4 e organizados de 2 em 2, 3
em 3, e 4 em 4, em todas as possibilidades de seqüências numéricas, consistindo num estudo prático, não
só de seqüências numéricas, mas num âmbito maior, de Análise Combinatória.
Os dedos da mão direita, usados para tanger as cordas, também agrupados de 2 em 2, 3 em 3, e 4 em 4,
de tal forma que cada exercício de articulação dos dedos da mão esquerda pudesse ser executado por
qualquer seqüência de dedos da mão direita, o que aumentava sobremaneira as possibilidades de
execução dos exercícios.
Era interessante notar que um mesmo exercício para os dedos da mão esquerda,
quando proposto
para uma nova seqüência de dedos da mão direita, apresentava um grau de dificuldade de execução como
se estivesse sendo executado pela primeira vez.
Faz-se necessário mencionar que um dos alunos permaneceu ausente por dois meses em função
de uma internação médica, que, de certa forma, atrasou a execução do plano de trabalho proposto para o
mesmo.
As observações foram feitas a partir de um semanário de acompanhamento dos indivíduos na aulas
de música e descrição das aulas realizadas.
Resultados
Foram aplicados testes de raciocínio lógico no inicio e no final do projeto para ambos os indivíduos
observados (A e B).
O indivíduo A apresentou 30,8 % de acerto no primeiro teste e 54,2 %
de acerto no segundo teste
aplicado.
Já o indivíduo B obteve um acerto de 38,5 % no primeiro teste e 68,8 % no segundo teste.
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Através da observação do pesquisador foi possível notar que, no transcorrer das aulas, os alunos
apresentavam visivelmente uma evolução não só musical, mas também do uso do raciocínio lógico na
assimilação dos conteúdos como na elaboração de novas idéias musicais próprias a partir do uso de
raciocínio lógico.
Conclusão
Em função dos resultados obtidos nos testes,
pode-se concluir que, única e exclusivamente nos
dois casos estudados, os indivíduos observados apresentaram uma porcentagem maior de acerto no
segundo teste aplicado em relação ao primeiro.
Com este trabalho de pesquisa, o aluno/pesquisador pôde iniciar um contato com teorias sobre a
inteligência e a aprendizagem matemática, interligando sua formação do curso de Licenciatura em
Matemática e sua experiência como professor de música.
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Da realidade à ação: reflexões sobre educação e matemática.
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. São Paulo: EPU, 1986.
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. São Paulo: Ed. IBRASA/MEC, 1976.
REVISTA GUITAR CLASS: “Vivendo de Guitarra com Mozart Mello: Os rumos da didática
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Brasil”. São Paulo: Editora Trama, nº 6, Julho, 2001.
FOLHA DE SÃO PAULO, Caderno Sinapse. São Paulo, 24 de setembro de 2002.
Sites Consultados
Acesso em mar. de 2004.
Acesso em mar. de 2004.