Guia de economia comportamental e experimental


   Guia de Economia Comportamental e Experimental II. FERRAMENTAS E METODOLOGIAS EXPERIMENTAIS



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39   Guia de Economia Comportamental e Experimental

II. FERRAMENTAS E METODOLOGIAS EXPERIMENTAIS

Na primeira parte, tratamos das teorias da ciência comportamental; esta seção apresentará uma 

perspectiva mais aplicada. Mais especificamente, conduziremos os leitores por cinco aspectos que 

ligam a teoria e a prática da ciência comportamental: diferenciar experimentos quanto aos controles 

do ambiente (laboratório, campo ou natural), entender a ciência comportamental por meio de es-

truturas gerais ou modelos (ferramentas comportamentais), pensar na arquitetura da escolha como 

intervenções comportamentais específicas (“nudging”), fazer experimentos para testar intervenções 

(“testar e aprender”) e, por fim, um guia passo a passo para montagem de experimentos (“minha 

intervenção vai funcionar?”).

Diferenciando Experimentos

O método experimental é predominante nos trabalhos de Economia Comportamental. Experimentos 

podem ser conduzidos em diversos ambientes, sendo os três mais tradicionais: laboratórios, campo e 

natural. A escolha entre eles não é óbvia. Cada pesquisador deve ponderar suas vantagens e desafios 

antes de decidir. A seguir serão descritos alguns pontos que podem ajudar nessa escolha. Vejamos 

os efeitos de framing (enquadramento) como uma teoria típica da EC e da Psicologia, e analisemos 

exemplos de diferentes tipos de experimentos que são usados para estudar o fenômeno.

1. Experimento em laboratório

Estudos experimentais tradicionalmente são feitos em laboratório. Nesses ambientes, os pesquisado-

res podem expor os participantes a estímulos ou pedir-lhes para cumprir tarefas que não poderiam 

ser observadas facilmente por métodos não experimentais, como pesquisas de opinião. Manipulando 

apenas um número limitado de variáveis em um ambiente controlado, os experimentos em labora-

tório permitem que os pesquisadores estudem relações de causa e efeito e, assim, adquiram uma 

noção das regularidades comportamentais. Os pesquisadores podem isolar as variáveis de outros 

fatores que possam gerar confusão e que seriam difíceis de distinguir em uma pesquisa de campo. 

Além disso, os participantes são alocados aleatoriamente para as condições de tratamento, o que 

resolve o problema do viés de seleção. 

No entanto, a experimentação em laboratório também tem seus problemas, principalmente 

quanto 


à sua artificialidade. Uma preocupação é a possível introdução no laboratório de influências 

diversas no comportamento. Outro problema é a representatividade do conjunto de participantes, 

que em geral provêm de populações de estudantes. Além disso, argumentam os críticos, a própria 

situação de estarem em um experimento de laboratório, sendo observados pelos experimentadores, 

já pode alterar a reação dos participantes aos estímulos usados.

Um clássico estudo de Psicologia do Consumidor voltado para o framing foi realizado em labo-

ratório por Levin e Gaeth (1988). Uma amostra de estudantes foi designada aleatoriamente para dife-

rentes condições experimentais que envolviam provar e avaliar carne. Os pesquisadores controlaram 

cuidadosamente a quantidade de alimento que os participantes provaram e as horas do dia em que 

o experimento ocorreu. Alguns participantes primeiro provaram a carne e depois viram o rótulo. Ou-




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tros viram o rótulo antes de provar a carne. Os pesquisadores dividiram esses grupos em duas condi-

ções adicionais, as ênfases (framing) do rótulo: a carne era descrita ou como sendo 75% sem gordura 

(moldura positiva) ou como tendo 25% de gordura (moldura negativa). No fim do experimento, os 

participantes avaliaram a carne em termos de qualidade, teor de gordura e sabor. 

Os resultados mostraram que o framing foi eficaz — como seria de esperar, a carne foi avaliada 

mais favoravelmente quando apresentada em um frame positivo. O ato de provar o produto reduziu 

o efeito de framing, mas a ordem em que a carne foi provada e rotulada não fez diferença.

Em contraste com testes de paladar cuidadosamente controlados, algumas tarefas experimen-

tais não precisam, rigorosamente, ser realizadas em um ambiente de laboratório; por isso, os ex-

perimentos em laboratório podem convertidos em experimentos online. Essa metodologia tende a 

ser relativamente custo-efetiva, permite aos pesquisadores atingirem mais facilmente populações 

variadas e reduz as influências introduzidas pelo experimentador (graças à anonimidade do ambien-

te online). Como não dispõem dos controles existentes em laboratório, os experimentos online são 

considerados uma espécie de quase-experimento. O mesmo vale para os experimentos em campo e 

naturais que examinaremos a seguir.



2. Experimento de campo

Essa metodologia pode investigar relações de causa e efeito semelhantes às estudadas em laborató-

rio, só que o faz em um ambiente natural.

Um estudo na China, por Hossain e List (2012), procurou aumentar a produtividade dos empre-

gados de uma empresa de componentes eletrônicos para computadores. Mais especificamente, seus 

experimentos de campo testaram o efeito de dois frames. Alguns dos empregados receberam uma 

carta com um frame de ganho (a condição de “recompensa”), na qual se informava que, além do sa-

lário, eles receberiam uma remuneração adicional de RMB $80 para cada semana em que a produção 

semanal média de sua equipe atingisse no mínimo K unidades por hora. Outra condição experimental 

(“punição”) atuava com base na aversão à perda. A carta aos trabalhadores desse grupo dizia que

além de seu salário normal, eles receberiam um único adicional de RMB $320. No entanto, para cada 

semana em que a produção semanal média de sua equipe fosse inferior a K unidades por hora, esse 

adicional ao salário seria reduzido em RMB $80. 

Os resultados mostraram que receber qualquer incentivo em forma de bônus, por si mesmo, 

aumentou a produtividade em até 9% para os trabalhadores dos grupos e em até 12% para os in-

divíduos. Por outro lado, o frame baseado em perda (punição) não alterou o desempenho dos que 

trabalhavam sozinhos e a produtividade dos que trabalhavam em grupo aumentou entre 16% e 25% 

acima da dos grupos da condição de recompensa. 



3. Experimento natural

Outro tipo de quase-experimento é o natural. Essa metodologia é o tipo experimental mais limita-

do quando se fala em controles e possibilidade de replicação. Os pesquisadores não manipulam o 

tratamento (ou os tratamentos) do experimento, que ocorre naturalmente; por isso, os experimen-

tos naturais são estudos observacionais (frequentemente baseados em dados secundários) que não 

alocam os participantes em condições de tratamento e controle, reduzindo assim a capacidade dos 

pesquisadores para fazerem inferências causais. 



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